VICTORIA HINXTONE
-Se até mesmo o Anthony planeja se casar, então logo mais mamãe estará cobrando o primeiro neto.
-Lilibeth, não teremos filhos meus e de Isaac pelo menos até o próximo ano.
-Por que não?
-Temos planos diferentes. Queremos aproveitar esses primeiros anos de casamento, Isaac ainda está se adaptando a vida familiar, é melhor irmos com calma.
-Bom, pensando por este lado, mamãe entenderá.
-Mamãe sempre entende, não é como se fosse uma preocupação real.
-E como estão indo? Vida de casada e tudo mais.
-Estamos progredindo. Por vezes acordo durante a noite e ele não está na cama, geralmente o encontro na galeria observando o quadro dos pais. O duque foi um homem frio e distante, mas ocasionalmente afetivo com o filho e a duquesa... Bem, sabemos como tudo acabou.
-Mas você é feliz?
-Sou, Isaac me faz feliz e quero que nosso casamento dê certo.
-Amor verdadeiro não basta?
-Casamentos são mais trabalhosos do que se imagina, minha irmã. Exige esforços e sacrifícios mútuos. Ambos precisam dedicar-se e estamos tentando ao máximo. Eu diria que é uma batalha diária.
-Acha que essa preceptora o fará feliz?
-De alguma forma ela o encantou, Tony não demonstra interesses matrimoniais em muitas damas. Genevive provavelmente é especial.
-Creio que o nome seja Grace.
-Mesma letra, não me julgue.
-Acha que Harry será o próximo a casar?
-Não tenho ideia, melhor esperarmos para descobrir o que o futuro nos aguarda. Eu sempre achei que Tony se casaria primeiro e veja onde estamos agora.
-Achas que conseguirei um bom partido em minha estreia?
-Não tenho dúvida, mas lembre-se que o importante é a felicidade, Lilibeth.
-Estreio no próximo ano e estou com certo medo, não tenho ideia do que acontecerá.
-Seja você mesma e tudo dará certo.
-Mas o meu problema? Não é nada elegante, Vic. Sabes que não paro de tagarelar quando estou nervosa. Posso espantar um marido!
-Por conta disso mantém-se calada na maior parte do tempo quando estranhos estão presentes?
-Oras, sim. O que esperas que eu faça? Não sou como tu, Vic. Fico nervosa e quando caio em mim estou tagarelando sem parar!
-Elizabeth, se o homem que desejar não gostar de seus defeitos, mesmo os mais singelos como este, ele não é o certo para ti. Acalme-se e deixe tudo se resolver.
-Como foi a sua estreia?
-Tenebrosa. Na primeira temporada Anthony não desgrudou por um único instante e na segunda Harry já tinha idade para nos acompanhar aos bailes. Uma vez ambos flagraram-me nos jardins com o filho de um visconde, em um momento estávamos nos beijando e no instante seguinte meus irmãos estavam em cima dele. Tinham medo que fôssemos vistos e eu me comprometessem. Isso pode ter se repetido outras duas ou três vezes.
-Anthony estará casado, não será mais uma preocupação para mim.
-Sinto lhe informar que estás enganada. Isaac é meu marido há um ano e Anthony por vezes o ameaça, não que nosso irmão possa realmente fazer algo, mas ele gosta de assustar meu marido. O pior de tudo é que papai concorda com toda essa loucura.
-Eles são impossíveis.
-Estão apenas nos protegendo. Eles se importam conosco e querem o melhor para nós, são irritantes mas os amamos.
Ouvimos passos se aproximando com certa rapidez e a julgar pela leveza das pisadas sei exatamente de quem se trata. Não demorou muito para que o magro corpo de Charlotte estivesse em cima de mim, os braços presos em meu pescoço sufocando-me.
-Victoria! Estás aqui! - A abraço de volta antes de lhe beijar a cabeça, seus braços deixam meu corpo e ela corre para Elizabeth - Lilibeth! Não creio que vieram tão rápido.
-Sabes que não a deixaríamos, sozinha. - Elizabeth lhe beija e a senta ao seu lado no sofá - Como estás?
-Bem, venho tendo aulas com uma nova preceptora. Ela e Anthony estão em um cortejo agora, mas a pobre mulher não sabe que eu sei sobre isso.
-Tony lhe pagou para ficar calada?
-Sim, ele disse que ela é muito assustada com tudo e tem medo que eu a amedronte por completo. Vocês precisam saber, Grace é muito tímida, sempre que conhece pessoas novas fica vermelha como um tomate. No dia que conheceu Anthony pensei que desmaiaria, tamanha a força de seu rubor.
-Estamos ansiosas para conhecê-la.
Charlotte passou a hora seguinte nos contanto sobre suas aventuras em nossa ausência, o ritmo de suas classes e a travessura que aprontou com Tony e Grace na estufa. Meu irmão mais velho já lhe subornou com quantidades absurdas de chocolate e dinheiro, se continuar neste ritmo Charlotte será mais rica que o próprio rei antes de completar a maioridade.
Quando terminava de nos contar sobre um desenho que havia enviado para Aidan, leves batidas soaram na porta e quando virei-me para olhar encontrei uma moça, na minha idade ou pouco mais velha, com olhos castanhos e cabelos castanho-avermelhados. O vestido azul ressaltava a sua pele, as bochechas lutando contra uma vermelhidão crescente. Sua postura sugere o quão rígida e desconfortável está.
-Senhorita Edgell, imagino. - Levanto-me para recepcioná-la - Sou Victoria Hinxtone, irmã de Charlotte e Anthony.
-É um prazer conhecê-la, Sua Graça. - Faz uma breve reverência, sem de fato levantar os olhos aos meus.
-Me chame apenas de Victoria, soube que é a melhor preceptora que Charlie já teve.
-Ela é uma garota com muito potencial, senhora. Precisava apenas de incentivo.
-Sou Elizabeth. - Minha irmã faz o mesmo - Estive ansiosa para conhecê-la finalmente.
-Por que não se junta a nós na conversa, senhorita? - Lhe indico um assento enquanto retorno para o meu - Estou curiosa a seu respeito.
-Perdão, milady? - Por um instante pude jurar que ela tentou mescla-se ao tecido do estofado. Talvez desejasse ser invisível.
-Lhe serei sincera, senhorita. Meu irmão nos contou sobre o cortejo e estamos felizes com a ideia. Pouco antes de chegar estávamos planejando um piquenique amanhã nos jardins. Naturalmente sua mãe e sua irmã estão convidadas também, o que me diz?
-E-e-eu... M-milady, eu. - Engole em seco, organizando as palavras antes de prosseguir - Vocês acabam de regressar, creio que este seja um momento em família.
-Se aceitou o pedido de cortejo do meu irmão é praticamente da família, senhorita. Charlie tornou-se amiga de sua irmã e ficaria lisonjeada por sua presença amanhã.
-Verdade! - Charlie concorda e Elizabeth sorri de orelha a orelha, pergunto-me como suas bochechas estão aguentando.
-Pense nisso como uma oportunidade de aproximar-se e conhecer meu irmão. Não acredito que desejas se casar com alguém que mal conhece, estou certa?
-Sim, senhora.
-Será algo íntimo, uma tarde para nos divertirmos. Não haverá criados ou pessoas para deixá-la desconfortável. O que me diz?
-Eu... Eu aceito o convite, milady.
-Ótimo, já que tudo fora resolvido eu gostaria de apenas enfatizar meu pedido inicial. È quase da família agora, senhorita, não há a necessidade de tamanha formalidade.
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Visconde Indecente - Os D'Evill 02
Roman d'amourEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ele é teimoso. Ela é irritante. Ele é o filho do marquês. Ela é a preceptora. Anthony D'Evill nunca fugiu tanto de casamento como nos últimos...