ANTHONY D'EVILL
-Eu gostaria de lhe dizer sobre minhas intenções com sua filha, senhora Edgell.
-Estou ouvido, milorde.
-Sei que talvez possa ter uma visão errada sobre a nobreza. Bem, talvez não tão errada assim, mas sua filha é a realmente importante para mim e desejo fazer dela minha esposa. Com seu consentimento.
-Veja bem, senhor, o pai de Grace foi um médio muito importante e infelizmente morreu vítima de uma fatalidade mas tudo consequência de suas próprias escolhas. Não tenho rancor de nobre algum ou de sua família, pelo contrário, o marquês faz muito por nossa região e devemos a ele. Estou de acordo com todo este arranjo não por seu título ou o que quer que herde um dia, mas por minha filha. Grace está feliz com o cortejo e deseja se casar com o senhor. Tivemos momentos difíceis nos últimos tempos e eu quero o melhor para ela.
-Eu entendo sua posição, senhora Edgell. Minha família também tem conhecimento de minhas intenções e estou verdadeiramente agradecido por sua bênção ao nosso enlace.
-Seus pais sabem sobre ela?
-Ainda não, eles e meu irmão estão visitando meu avô adoentado por um tempo, mas assim que retornarem lhes darei a notícia. Peço que não se preocupe sobre suas reações, meus pais aceitarão minha escolha.
-Imagino que Grace já tenha lhe contado que estou me casando outra vez.
-Sim, senhora. Planejam se mudar após o casamento ou permanecerão aqui?
-Permaneceremos, mas minhas filhas podem precisar de uma fase de adaptação. Afinal, é uma nova pessoa em suas vidas.
-Compreendo. Creio que seja o melhor para todos. Quando nos casarmos, Grace sendo a Viscondessa de Brightdown, será mais fácil encontrar uma boa escola para Mary.
-Pagaria os estudos de Mary? - Me olha cética.
-Ela será minha cunhada, se tenho condições, por quê não fazê-lo? Será bom para ela.
-Estou de acordo, mas gostaria de pensar melhor a respeito.
-De qualquer forma, estou agradecido por seu consentimento, senhora Edgell.
-Apenas cuide de minha filha, lorde D'Evill.
-Sim, senhora.
A acompanho de volta para o grupo que formávamos. Charlie e Mary brincam às margens do rio sob a supervisão - nada confiável - de Elizabeth enquanto esta se entretém em uma conversa animada com Grace. Victoria se entretém em seu marido, ambos rindo de algo que ele disse.
O homem mal fala, como pode contar piadas?
A senhora Edgell se senta ao lado da filha mais velha e rapidamente retoma a conversa que seguia antes de raptá-la. Grace pousa os belíssimos olhos escuros em mim e abre um sorriso singelo, sinto-me nervoso e abobado como em meus anos de adolescente quando íamos para a capital e eu me escondia para observar as amigas de mamãe visitando-a, esperando alegremente por um deslumbre a mais de seus decotes.
Em tempos de necessidades todo mínimo centímetro à vista era um prêmio.
-Como se sente sob avaliação? - A voz de Isaac me traz para a realidade outra vez, eu não vi quando se movimentou até mim, mas agora encontra-se de pé ao meu lado enquanto as mulheres conversam animadamente e as crianças gargalham alto.
Encaro seus olhos com tédio. Gosto de Isaac, porém é importante manter a postura de irmão ressentido que teve sua irmãzinha levada para longe por um recluso cruel. Pobre Victoria, nunca saberá da verdadeira felicidade que senti ao me livrar de uma responsabilidade. Harry e eu passamos a vida cuidando das três e agora que Vic é esposa de Isaac... Bem, no fundo de meu coração eu poderia abraçá-lo de gratidão.
-Melhor do que eu pensava, não posso negar. A senhora Edgell não me odeia, eu diria que é um começo maravilhoso.
-Você tem sorte que ela não tenha irmãos. Cunhados podem ser difíceis.
-Você está na minha casa, Hinxtone. Não me tente a afogá-lo neste rio.
-Vale a pena aturá-lo por sua irmã. De alguma maneira inexplicável você é importante para ela.
-E como deseja vê-la feliz não colocaste minha cabeça a prêmio? - Rio com zombaria - Prometo que depois sentirei gratidão por tamanha bondade.
-Não seja ridículo, tudo o que desejo no momento é um pouco de conhaque.
-Estou de acordo, uma dose seria bem-vinda no momento.
-Elas estão concentradas na conversa, acha que poderemos fugir despercebidos?
-Se formos rápidos o suficiente, creio que sim. Afinal, sobre o que elas estão conversando?
-Não tenho ideia, a conversa toma guinadas repentinas nas mais diversas direções e elas conseguem manter assim.
-Então não há um tema específico?
-Receio que não, em um momento que tentei acompanhar elas discutiam quatro coisas ao mesmo tempo.
-Ninguém consegue se concentrar em tamanha desordem. - Inclino a cabeça por um instante, observando o pequeno grupo rir e continuar suas falas - Esqueça. São mulheres, não duvido de nada.
-Então vamos?
-Vamos.
Um pequeno momento de felicidade em torno de todo o completo caos. Este dia seria perfeito se meus pais e meu irmão estivessem aqui. Ainda não recebi cartas de mamãe atualizando sobre o estado de saúde do meu avô. Conheço histórias de pessoas que passam anos no leito de morte e imaginar que ele pode passar por isso é uma tortura para todos nós, todos sofremos junto com ele.
Eu não deveria estar preocupado, hoje seria um dia de diversão e alegria, mas meus ombros estão tensos e sinto os músculos doloridos. Não consigo dormir direito a noite e com o trabalhos acumulado não ajudam a relaxar.
Isaac vem ajudando muito desde que chegou, mas a época de colheita está se aproximando e sem dúvida as coisas ficarão ainda mais agitadas. Papai já está habituado e acostumado com a terra, sabe como agir em todos os possíveis cenários. Eu sempre o ajudei, assumia a supervisão de uma tarefa ou outro, mas não imaginei que tomaria tudo tão cedo.
A quem estou tentando enganar? Estive confortável como vice todos esses anos, mas já é hora de assumir mais responsabilidades. Logo Harry não estará aqui para me auxiliar e a cada dia estou mais certo sobre minha mudança para Elbenia, ajudar de maneira ativa em nossa propriedades, mesmo que seja a parte burocrática.
Ainda não conversei com Grace detalhadamente sobre a mudança, mas pretendo fazer isso logo.
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Visconde Indecente - Os D'Evill 02
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ele é teimoso. Ela é irritante. Ele é o filho do marquês. Ela é a preceptora. Anthony D'Evill nunca fugiu tanto de casamento como nos últimos...