ANTHONY D'EVILL
-Trapaceiro. Eu posso ganhar por mérito próprio, Tony.
-Quando você crescer, vamos correr de verdade. - Guio meu cavalo para mais perto da casa.
-Isso é injusto.
-Charlie, você pode apostar corrida com Aidan.
-Ele está na escola ainda. Não sei quando volta, mas tenho fé que será no próximo recesso.
-Elizabeth voltará também.
-Tony, acha que vovó ficará bem?
Olho para minha irmã, montada elegantemente em seu cavalo branco. Seus olhinhos brilham de esperança e expectativa, mas um peso enorme caiu sobre mim. Como contar a ela que nosso avô - seu parente favorito - está no leito de morte? O médico foi bem claro para mim e Harry, ele não tem muito tempo. Nos primeiros dias achei que poderíamos encontrar uma saída, poderia haver uma cura, mas um dia entrei em seu quarto e o vi tossindo sangue.
Agora ele passa seus dias deitado, respirando com dificuldade e tossindo muito. Nunca pensei que presenciaria algo assim, mas posso jurar que ouvi um chiado de seu peito enquanto meu avô tentava respirar. Não posso dar a notícia para Charlie sozinho, não consigo fazer isso.
-Vovô está doente, Charlie. É importante que continuemos com nossas preces, entende?
Concorda de maneira triste e me sinto um bastardo por isso. Inferno, eu daria minha vida para nenhuma de minhas irmãs sofresse nada ou mesmo sentisse uma ponta de tristeza. Só quero protegê-las.
-Podemos fazer algo? Apenas nós dois?
-Podemos ir até o rio, o que acha? - Ela assente e aproximo meu cavalo do seu, esticando-me para beijar seus cabelos - Não quero te ver triste. Não fique assim, querida.
-Papai vai demorar a voltar? A mamãe e o Harry?
-Não sabemos. Vamos torcer para que seja logo, sim?
-Sim. Olhe, Grace está aqui.
-Quem é a garota com ela?
-Não faço ideia. - Guiamos os cavalos a trote até a entrada da casa, na parte de trás, onde Grace estava de pé com uma garotinha ao seu lado.
Desço de Tormento - meu cavalo - e entro as rédeas para um dos cavalariços antes de ir até Charlie e ajudá-la a descer. Caminhamos juntos até as duas e Charlie parecia animada com a garotinha, ao ponto da pobre garota se esconder atrás de Grace.
Seria a filha dela ou algo assim?
-Bom dia, senhorita Edgell.
-M-milorde. - Ela cumprimenta com uma mesura antes de nos mostrar a garotinha ao seu lado, uma espécie de versão mais nova de Grace - Esta é Mary, senhor, minha irmã mais nova.
-Ela passará o dia conosco?! - Charlie dá pulinhos de animação e a pequena Mary parece ainda mais assustada.
-Posso conversar com milorde? - Ela olha rapidamente para Charlie e para a irmã, que ainda segurava fortemente sua mão e suas saias - Em particular.
Seu rosto estava adoravelmente rubro. Se Charlie falou a verdade e a mulher realmente é tímida, estar falando comigo agora parece ser um enorme obstáculo para ela. Eu deveria agir de maneira cordial como um verdadeiro cavalheiro, mas de alguma forma estou encantado pelo rubor em seu rosto. Quando demorei a responder a vermelhidão espalhou-se de suas bochechas para o rosto inteiro, descendo até seu colo.
Ela está impressionantemente linda, sinto vontade de segurar seu rosto em minhas mãos e analisá-lo mais de perto.
-Tony? - Charlie me chama.
-Sim? Oh! Claro, claro. Vamos ao escritório. - Engulo em seco antes de me encaminhar para a porta, parando um instante antes de entrar - Charlie, por que não brinca um pouco com a Mary enquanto nós conversamos?
-Vamos, Mary, vai ser divertido.
-Charlie, querida. - A chamo para mais perto e me abaixo para falar em seu ouvido - Por favor, tente não corromper a garotinha.
-Eu não garanto nada. - Responde antes de correr para longe arrastando Mary com ela.
-Com sorte ela voltará inteira.
Faço meu trajeto até o escritório sendo seguido por Grace. Hoje ela está usando um gracioso vestido amarelo e a cor parecia chamar ainda mais atenção para a vermelhidão de seu rosto. Nunca conheci uma garota tão vergonhosa e charmosa assim, onde estas mulheres se escondem em Elbenia?
Deixei a porta um pouco aberta, odiaria ser acusado de arruinar a pobre mulher para futuros pretendentes. Já vi como coisas simples foram causas grande o suficiente para obrigar pessoas a se casarem e como casar não é o objetivo, é sempre bom lembrar do decoro.
-O que gostaria de falar comigo, senhorita Edgell?
Não achei que fosse possível, mas o tom de vermelho parecia estar ficando mais forte. Ela engoliu em seco e se remexeu na cadeira. Céus, ela é uma graça. Preciso de uma mulher assim, imagine como seria divertido.
-Gostaria de pedir autorização para trazer minha irmã por mais um ou dois dias, senhor. Até que eu encontre alguém para ficar com ela.
-Posso saber o que aconteceu?
-É um tanto complicado, milorde.
-Senhorita Edgell, por que não fala a verdade?
-Perdão?
-Meu interesse não é contratual, senhorita. Seu nível de estresse e preocupação é praticamente palpável no ar. Desde que entrou não para de olhar para a janela na esperança de conferir se sua irmã está bem, ela não queria soltar suas saias e se escondeu quando Charlie e eu nos aproximamos. Meu palpite é que ela seja tão vergonhosa como a senhorita ou há alguma coisa acontecendo que a tenha deixado com medo.
-Por que diz isso, senhor?
-Sua vermelhidão está passando, mas duvido que seja por se sentir confortável aqui, deve estar assustada também, mas não se preocupa, não lhe farei mal algo. - Sorrio e brinco com a pena de escrever que estava ali na mesa - Sobre a sua irmã, ela não olhou para Charlie desde que me aproximei, os olhos estavam focados em mim e eu vi medo neles. Gostaria de saber o que está acontecendo, senhorita.
-Minha mãe se casará outra vez.
-Certo.
-E o lugar para onde está se mudando não é seguro para minha irmã. - Ela não olha em meus olhos, mantém-se focada na gola de minha camiseta e isso me intriga mais ainda - Preciso encontrar alguém para cuidar dela. Por isso lhe peço, dê-me um ou dois dias até que consiga encontrar uma pessoa. Sei que é um abuso pedir algo desse tipo, mas é realmente necessário.
Calmamente me levanto e dou a volta na mesa, parando atrás de Grace e abaixando-me o suficiente para dizer baixo em seu ouvido.
-Senhorita Edgell, não sei o escutou sobre nós, mas se tem algo que os D'Evill prezam é a família. - Antes de sair do escritório paro por um instante - Sua irmã é livre para ficar o tempo que quiser.
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Visconde Indecente - Os D'Evill 02
RomansaEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ele é teimoso. Ela é irritante. Ele é o filho do marquês. Ela é a preceptora. Anthony D'Evill nunca fugiu tanto de casamento como nos últimos...