Epílogo

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ANTHONY D'EVILL

-Eu disse que ele ficaria agitado. - Charlie continua a desenhar o que jura ser uma flor, mas estou certo que parece um pássaro.

-Anthony está sempre agitado, uma noite a mais de sua vida não fará diferença. - Lilibeth continua a folhear seu livro, sem olhar de fato para ninguém na sala. Me irrita essa mania, faz parecer que não somos dignos de sua atenção.

-Se Harry estivesse aqui ele faria uma piada agora. - Charlie deixa o desenho de lado, decidindo que não vale mais o seu tempo, então corre para a poltrona do nosso pai e se joga em seu colo.

-Harry está cuidado das suas terras, você sabe disso, querida. - Meu pai explica.

No dia seguinte ao sequestro/resgate de Grace o mensageiro chegou com a carta de nosso pai informando a morte do vovô. Fomos todos para Wendwood para acompanhar o velório, levamos Grace com a desculpa de acompanhar Charlie. O enterro foi em clima nublado, como se o céu compadecesse da dor de minha mãe. Ela ignorou completamente os decoros sociais e as regras de etiqueta, chorando o tempo inteiro no peito do meu pai. Um choro silencioso, mas doloroso de ver. Conseguíamos ver seus ombros tremendo quando alguns soluços fracos escapavam e eram abafados pela camisa do meu pai.

Ele não parecia se importar, estava ocupado demais dando apoio a esposa. Eu sempre soube que queria um casamento como o dos meus pais para mim, Victoria conseguiu isso e havia chegado a minha vez.

Agora, um ano e meio depois estou casado, feliz e meu coração está a ponto de falhar. Não tenho certeza se serei capaz de aguentar por mais tempo. Isso é uma tortura.

-Eu fiquei do mesmo jeito quando sua mãe teve você, Tony. Não se preocupe, tudo ficará bem.

-Está demorando muito, pai.

-Bebês não nascem rapidamente, filho. Acredite em mim, eu sei.

Claro que sabe, o homem passou por isso cinco vezes. Não tenho condições com a primeira! Questiono-me se realmente seria necessário um segundo. Um filho não pode ser feliz como filho único? Isaac chegou a vida adulta, certo?

-Creio que deveríamos nos preocupar mais com Tony do que com Grace. Ela pareceu-me bem para seu estado avançado.

Assim que Elizabeth termina de falar um grito estridente ecoa pelas paredes da casa e um calafrio percorre minha espinha.

-Eu preciso ir lá.

-Sua mãe não deixará que entre.

-Pai, o senhor deveria estar ao meu lado.

-Estou sendo apenas racional.

Emoções demais para um única família. Victoria descobriu recentemente que também está grávida. Não preciso dizer o quão feliz minha minha mãe ficou. Ganhar dois netos praticamente de uma vez, foi como estar no paraíso para ela. Por algum motivo minha mãe gosta de manter a casa cheia, o mais cheia possível e ter muitos filhos significa ter muitos netos. O pobre Harry não sabe, mas ela já está procurando uma esposa para ele.

Meu irmão mantém-se isolado em Wendwood, saindo de lá apenas para encontros familiares aqui em Brightdown ou em Brandord. Mamãe acredita que o filho mais novo tornou-se uma espécie de selvagem e que uma mulher de bom coração pode resgatá-lo de volta para os caminhos da civilização.

Levando em conta que da última vez que fora visto os cabelos de Harry - sempre bem aparados - alcançavam seus ombros e um bronzeado nunca visto nele antes dominava sua pele. Meu irmão sempre fora o tipo que preferia atividades dentro de casa, interagir e trabalhar na terra se assemelhavam a um pesadelo.

-Realmente não podemos fazer nada? - Outro grito escoa pela casa e me encolho na poltrona. Sentei-me em algum momento e não percebi.

-Além de sentar e esperar? Não, nada.

Estendeu-se mais uma longa espera. Segundos tornaram-se minutos e os minutos tornaram-se horas. Grito após grito eu me encontrava mais agitado e impaciente. Todos já estávamos tensos quando escutamos um último grito, esse mais longo que os demais, acompanhado por um fino e estridente choro.

Em questão de segundos estávamos os quatro correndo escadarias acima, na direção do nosso quarto. Algumas criadas já estavam no lado de fora e permitiram nossa passagem, dentro do cômodo tudo estava uma completa bagunça com as serviçais arrumando panos e vasilhas de água e os levando para fora.

A última vez que encontrei uma mulher com um recém-nascido foi a onze anos atrás. Charlotte hoje é quase uma adulta. Não tenho experiência nessas coisas. Nunca mais na minha vida.

-Aí estão vocês. - Mamãe sorri abertamente ao nos recepcionar - Venham conhecer a nova integrante da família.

-A nova? - Olho para ela e depois para Grace, que segurava um pequeno pacote branco nos braços. Ela está cansada, suada e parece muito feliz consigo mesma.

-É uma menina, Tony.

-Céus. - Em passos vacilantes minhas pernas me levaram para a cama. O ser tão pequeno dormia serenamente nos braços da mãe, todo rosado e com a pele enrugada. Tradicionalmente é terrível de se ver, mas inexplicavelmente é a coisa mais linda que já vi na vida - Ela é linda, Grace.

-Sim, ela é. - Seu sorriso triplica de tamanho e sinto o meu favor o mesmo.

-Bem-vinda os D'Evill, querida.



FIM... ou nem tanto kkkk ainda temos as histórias de três irmãos pra contar minha gente. Vocês não se livraram de mim ainda. <3

Visconde Indecente - Os D'Evill 02Onde histórias criam vida. Descubra agora