Cortina de Aço | Parte 2

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— Carol, preciso me organizar pela manhã, porque a tarde não vou trabalhar. Vou tirar a tarde de folga.

— Não acredito! - exclamou Carol espantada - Folga? Isso é um milagre. Não lembro de você pegando folga. Esta com febre?

 — Não exagere Carol.- disse Djey sorrindo - Estou indo para minha sala e não esqueça o que pedi.

Novamente em sua sala, não pode deixar de reparar no quanto era impecavelmente limpa. Um grande tapete marrom, cobria o piso branco. Os móveis claros e as paredes em tom de bege, deixavam o ambiente mais claro e aconchegante. A sala era aromatizada com um perfume de bambu, delicioso. Não podia negar que era extremamente agradável trabalhar ali, num lugar só para ela, sem ninguém para perturba-la. Começou logo a trabalhar para dar conta do que tinha para fazer.

Depois de quatro horas em meio aos papéis levou um susto ao olhar o relógio.

 Meio dia! - deixou escapar em voz alta.

 Já havia avisado - disse Carol entrando na sala - Você estava tão concentrada que não ouviu. E então, pretende ainda tirar esta tarde de folga?

 Claro que sim! As coisas estão todas organizadas e pretendendo começar bem o meu fim de semana. Você reservou o restaurante que pedi?

 Sim.

 Para dois lugares?

 Sim, senhorita. - Brincou Carol - Mas, quem você quer levar? Não vá me dizer que de ontem para hoje arrumou algum encontro?

— Não seja boba! Você vai almoçar comigo! - disse enquanto pegava sua bolsa.

 Que máximo! - adoro a comida desse restaurante.

— Então vamos logo, também estou faminta. .

Realmente o almoço estava delicioso. Conversaram um pouco e só então decidiram deixar o restaurante.

Carol precisou ficar em seu apartamento e depois seguiria sozinha para o escritório. No caminho Djey passou em seu apartamento para trocar suas roupas, por algo mais leve, que colocou sobre o biquíni amarelo, minúsculo. Além de pegar um pouco de sol, queria mergulhar no mar de águas claras.

Na praia pode sentir a areia macia e branca deslizando  entre seus dedos, os cabelos longos balançavam com a brisa do mar, enquanto o sol beijava seu rosto. Haviam poucas pessoas na beira da praia, algumas crianças brincavam na beira da água. O mar estava calmo, sem ondas, água muito límpida, um pouco fria, foi o que pode constar ao entrar mar adentro.
De repente, teve a sensação de que alguém a observava, mas logo pode sentir a sensação de prazer que um bom mergulho poderia causar. 

Como às horas pareciam voar, o sol já começava a se despedir no horizonte. Sobre uma esteira, olha atentamente para o horizonte, imaginando o que levava aquelas pequenas aves a sobrevoar os céus, voando em círculos, parecendo brincar. Novamente, sentiu que estava sendo vigiada. Curiosa, olhou para os lados e pôde avistar alguns metros à frente, uma cadeira de praia onde uma senhora de cabelos bem branquinhos, à olhava sorrindo. Num impulso, Djey ergueu-se, pegou suas coisas e foi na direção dela.

 Olá, me chamo Djey Walace! - disse oferecendo a mão num cumprimento.

 Me chamo Mylena Cooper! - respondeu a Senhora num tom amável, entregando o rosto para ser beijada- Estava observando você há algum tempo e pude notar que é uma excelente nadadora. Lembro-me de quando ainda era jovem... - falou num tom saudoso.

Mylena, aparentava ter quase 70 anos e durante sua conversa, pode notar que era muito lúcida e bastante vaidosa. Com os cabelos bem arrumados, vestia um vestido leve de algodão cinza, um chapéu de palha,  próprio para a ocasião, no qual havia depositado sobre uma mesinha.

 É solteira Djey? - sua pergunta cortou o ar.

Sim. - Sorriu Djey.

 Mas, jovem e bonita como é, não seria por sua opção, acredito?

Na realidade não era, mas ultimamente não estava aparecendo ninguém que despertasse seu interesse.

 

— Não tive tantas opções assim.- respondeu finalmente- Além do que, meu trabalho me rouba muito tempo.

 É mesmo minha menina?  Em que você trabalha?

Sou assistente da Voict Contabilidade e Assessoria, faço a parte burocrática. Estou lá a cinco anos.

Algumas vezes, surgiram rapazes com quem se encontrou. Alguns não passaram do primeiro encontro, outros, até pareciam que dariam certo, mas, as coisas desandavam a partir do momento em que eles começavam a querer controlar demais sua vida. Depois que passou a morar sozinha então, barreiras foram se erguendo. A morte de sua mãe foi a gota que faltava. O trabalho,  foi mais uma barreira que levantou para deixar os homens mais afastados...

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