Cortina de Aço

Cortina de Aço | Parte 12

Harold depois de ficar viúvo parecia não ter mais interesse em encontrar alguém para dividir a vida como ele. Djey não se importava se ele procurasse alguém ou não, só queria vê-lo feliz.

Pensou nos vários namorados que tivera, nenhum nada muito sério. Seu pai costumava dizer que ela fazia de propósito, mas a verdade é que ninguém mexeu tanto com seus sentimentos como Erik. Ele era diferente, sentia estar pisando em ovos, horas parecia amável, gentil, noutras simplesmente parecia nem se importar, como se ela não fizesse diferença para ele. As vezes era como se não levasse nada a sério, sem sentimentos, como se não quisesse se envolver. "Devo estar confundindo as coisas". Tinha vontade de conquista-lo e depois trata-lo com frieza, dessa forma ele veria que não eram diferentes, que podia fazer o que quisesse. Era um jogo perigoso, tinha consciência disso, mas algo fazia com que desejasse muito se envolver com ele. Precisava fazer algo em relação aos seus sentimentos, com aquilo que ele despertava nela. "Vou provar que Erik não significa nada pra mim". Decidiu pegar o telefone e procurou o número que havia registrado. Quando achou ligou para casa de Mylena.

- Alô!- disse a voz do outro lado da linha.

- Por favor, Mylena Cooper, ela se encontra?- perguntou de modo amável.

- Sim! Quem gostaria?- a pessoa do outro lado parecia um pouco curiosa.

- Djey Walace.

- Um minuto por gentileza.

Algum tempo passou até que finalmente Mylena lhe atendeu.

- Djey querida!- Mylena pareceu feliz.

- Como você está Mylena?- Djey perguntou.

- Estou bem minha menina. Como foram as coisas ontem no coquetel?

- Foi tudo muito bem, me diverti bastante, Erik é uma excelente companhia.- não estava mentindo, não havia como negar o fato.

- Meu neto é muito reservado e não fala muito. Notei que ele está mais animado hoje.

Será que tinha alguma coisa haver com isso? Não estava acreditando. As vezes penso que estou lendo romances demais.

- Podemos conversar melhor quando eu for até sua casa. Que tal na quarta depois que eu sair do trabalho?- Djey foi um tanto direta.

- Ficarei feliz em receber você Djey, por mim está ótimo na quarta feira.- Mylena estava radiante - Vou pedir para Anne preparar um lanche para quando você chegar.

- Por favor não se incomode com isso. - não queria preocupa-la.

- Imagina minha querida, será um prazer. Vou ficar aguardando você.

- Então até quarta.- se despediu e voltou ao trabalho.

- Carol?- chamou a amiga depois de um tempo.

- Sim Djey!

- Por favor liga para Impermak e passa aqui no meu ramal?

- Sério que você vai ligar lá? Diz pra mim que é para aquele gato do Erik Cooper...- implorou Carol.

Carol conhecia Erik de revistas, alguns eventos e todas as mulheres achavam ele maravilhoso, a concorrência era grande para ser a senhora Cooper. É bom nem falar que ele havia estado ali.

- Amiga, não comece com essas conversas, agora preciso falar de negócios.

- Aí tem coisa! Me engana que eu gosto. Você nunca falou com ele antes, nem para tratar de negócios. - Carol já foi desligando o telefone e entrou correndo na sala. Puxou uma cadeira e sentou enquanto Djey a olhava espantada disfarçando a vontade de rir.

- Como você é intrometida Carol. - fingiu estar brava- Ele é apenas um amigo. Conheci ele e a avó na praia, no dia da minha folga e foi com ele que fui no coquetel.

Carol estava boquiaberta, nem piscava.

- Isso é formidável. Quando vai vê-lo de novo?

- Ainda não sei, mas não encha essa sua cabecinha com idéias. Agora vai lá e faz logo a ligação- brincou Djey.

Não sabia ainda o que ia falar para Erik, mas de qualquer forma queria deixar ele tão surpreso como ela mesma havia ficado no horário de almoço.

- Sua ligação Djey, Erik está na linha.- interrompeu Carol.

- Obrigada Carol.- sentiu seu coração palpitar- Erik, está aí?

- Sim Djey. A que devo a honra dessa ligação?- brincou ele.

- Senti sua falta.- respondeu no mesmo tom, tentando ser descontraída também.

- Fala sério vai. Vou acabar acreditando.- agora não conseguia identificar se brincava ou não. Era nessa hora que o achava intrigante e até sedutor. Ele falava de um jeito que parecia ser sério. Claro que isso não era possível.

- Liguei para Mylena depois que você saiu.

- É mesmo? Ela deve ter ficado contente.

- Acho que sim, até me convidou para lanchar na quarta feira com ela depois que eu sair do trabalho.

- Você vai Djey?- ele perguntou esperando que confirmasse.

- Claro que sim. Você vai estar lá?- esperava que sim, pensou.

- Você quer que eu esteja?- testou ele.

- Muito.- falou exagerando enquanto sorria. Mas a verdade era que queria muito mesmo.

- Vou estar então. Sabe Djey, gosto de conversar com você. Sua voz é linda no telefone e pessoalmente também.

Sentiu seu rosto pegar fogo e agradeceu por estar no telefone.

- A sua também é linda, sensual e gosto de falar com você Erik.

- Isso é um bom começo.- disse ele.

- Pensei que já havíamos começado.- brincou ela.

- Você me diverte- falou ele rindo.

- Então conversamos na quarta !? E quando quiser me ligar Erik, fique a vontade..

- Olha que ligo mesmo.- Erik respondeu firme.

- Por isso convidei para ligar- Djey foi carinhosa.

- Você é o máximo, adorei receber sua ligação, amei ouvir sua voz.- havia sinceridade nas palavras de Erik.

- Também amei te ouvir. Um beijo para você Erik.

- Dois para você Djey.

Djey estava sorrindo quando desligou o telefone, ainda não sabia o que era, mas precisava ouvi-lo. Algo na forma de ele falar a deixava bem. Realmente não estava se reconhecendo. Seu corpo fazia uma coisa quando sua boca falava outra, não necessariamente nessa mesa ordem.

Por que essa necessidade de estar em contato com ele? Ouvir a voz, sentir o toque? Devia se afastar dele no entanto o procurava. Seu jeito de falar e aquele sorriso era o suficiente para aquecer seu coração.