Cortina de Aço | Parte 23

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Na manhã seguinte pode certificar-se de que Erik cumprira o que prometera. Estavam ainda abraçados, colados um ao outro. A sensação de acordar em seu braços era algo indescritível, com certeza se tivessem feito amor estaria completa. Percorreu o olhar pelo quarto, a claridade entrava pela janela. Havia fotos de Erik num cômodo antigo, um quadro pendurado de frente para a cama, com a pintura de um rio e alguns pescadores as margens. A pintura com certeza era o rio que estivera pescando com Erik. A cama de casal em que estavam a fez pensar em quantas mulheres já haviam se deitado ali com ele. Sentiu uma pontinha de ciúmes e o apertou em seus braços como se não quisesse deixa-lo escapar. Erik se mexeu um pouco, mas continuou a dormir. A cama macia, coberta com lençóis azuis e no chão estavam as roupas de Erik e as suas...

Foi lembrando aos poucos como ficou seminua nos braços dele, as carícias entre os dois ficaram muito quentes. Só em lembrar ficava excitada. Passou a mão em seu próprio corpo para ver se continuava de calcinha e sutiã, "Que alívio"!

- Quer que eu tire agora?- perguntou bem humorado, referindo-se as lingeries.

- Pare! Não comece!

- Fique aqui!- ordenou ele.- Já volto.

Erik se vestiu e saiu do quarto. O que ele foi fazer? Enquanto não voltava pensou em como seria sua vida se ficasse para sempre ao lado de Erik. Sim, queria muito fazer parte da vida dele. Como iria lidar com aquele sentimento? O que faria para que Erik não notasse o que estava sentindo?

Erik entrou no quarto segurando uma bandeja com o café da manhã.

- Erik, que amor...- Djey ficou com os olhos marejados.

- Ah não!- Erik chamou sua atenção- Quero que sorria apenas e agradeça com um beijo bem gostoso.

Largou a bandeja sobre a cama esperando o beijo que Djey lhe deu com muito prazer.

- Seus olhos estão mais verdes do que nunca, são lindos e brilhantes.

- Obrigada! Vamos tomar o café, quer geleia na sua torrada Erik?

- Sim, por favor!

Djey passou um pouco da geleia de morango no pão torrado e segurou para que Erik mordesse um pedaço.

- Assim você me acostuma mal.- disse ele sorrindo.

- Você mesmo preparou a bandeja?- perguntou Djey.

- Não! Selena já estava com tudo pronto na mesa, eu só fui colocando na bandeja.

- Hum...- Djey arqueou uma das sobrancelhas- Sua avó já acordou?

- Está tomando café. Por que tanta preocupação?

- O que ela vai pensar ao me ver saindo do seu quarto?- estava preocupada que Mylena pensasse mal dela por estar ali, sendo que conhecia Erik a tão pouco tempo.

- Vovó é discreta e não costuma especular a respeito de minha vida privada. Fique sabendo que ela deve estar torcendo para nos ver namorando, que case logo com você o quanto antes e que lhe de lindos netos. Conheço vovó.- ele riu.

- E você vai frustrar os planos dela não é mesmo?- Djey brincou dando uma leve piscadinha.

- Quem sabe?- Erik falou pensativo, com o olhar distante.

Duvido pensou Djey. Erik provavelmente não se casaria. Possuía a vida que queria, não devia sofrer com a solidão ou com a necessidade de ter alguém permanente ao seu lado.

- Você é muito jovem para mim Djey.

- Que preconceito é esse?- absurdo ouvir isso dele- Acho que eu mesma deveria decidir isso e não você. Me sinto ofendida por me achar tão inexperiente a ponto de não querer ter um relacionamento sério comigo.

- Você é maluca mesmo. Entendeu tudo errado.- Erik parecia mais exasperado agora- O que quero dizer é que você deveria procurar alguém mais jovem do que eu. Tenho quarenta e dois anos e você Djey?

- Tenho vinte sete.

- Meu Deus!- exclamou desalentado- Sou quinze anos mais velho que você.

- Mas não esqueça que as mulheres envelhecem mais depressa que os homens.- Djey queria que ele parasse logo de falar sobre aquilo. Sentia o peito doer ao saber que ele descartava qualquer possibilidade de ficarem juntos. Precisava fazer algo, mas o que? Abraçou-o com força- Por favor, não fale assim. Gosto muito de você do jeito que é, com a idade que tem, não me importo.

- Está bem Djey, não vou mais falar sobre isso.

- Ótimo!- sorriu.

- Depois que levantarmos vou levar você para passear um pouco a cavalo.

- Isso vai ser formidável, apesar de não saber montar. Se você me ensinar prometo que sou boa aluna.- os dois riram juntos.

O dia mais uma vez foi tão bom quanto todos os outros. O tempo não dava trégua, os dias passavam e cada vez estava mais próximo de Djey e Erik se separarem. Embora ainda continuasse de férias, Erik não. Logo ele voltaria para o trabalho e o sonho acabaria.

Os dois estavam cada vez mais próximos um do outro. Faziam todas as coisas juntos e Mylena não escondia a felicidade de ver o neto se envolvendo com Djey.

- Os dois fazem um belo par!- Djey ouviu quando Mylena comentou com Selena.

- E esta é a primeira vez que conheço pessoalmente uma das namoradas do Erik, todas as outras que ele namorou só conheci por jornais e revistas.- respondeu Selena.

Ficou surpresa de saber que Erik nunca havia trazido nenhuma de suas namoradas ali. Djey não era namorada de Erik e estava ali a convite de Mylena, mas para Mylena e Selena, Djey e Erik eram namorados e ponto. Mais alguns dias e estaria fora dali e fora da vida de Erik. Iriam cada um para suas casas, seus trabalhos e as coisas voltariam a ser como sempre foram.

Na quinta pela manhã, Djey levantou um pouco mais tarde. Não havia barulho na casa. Foi até o quarto de Erik e a cama estava arrumada. Onde todos teriam ido? Do lado de fora da casa, Mylena estava sentada num dos bancos de madeira. Dirigiu-se até ela.

- Bom dia Mylena!- Djey a cumprimentou.

- Bom dia minha querida! Já fez seu desjejum?

- Sim! Mas, onde está Erik?

- Ele teve que partir logo cedo. Foi até seu quarto, mas não teve coragem de acordá-la. Ele precisou sair as pressas, foi chamado ao escritório.

Teve que fazer um esforço imenso para esconder o quanto estava triste. Como ele pôde partir sem acorda-la? Sem dar ao menos um beijo de despedida?

- Minha jovem, não fique triste.- Mylena afagou sua mão com ternura.

- Uma pena eu não ter me despedido dele.

- Erik disse que vai tentar voltar para o fim de semana.


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