Cortina de Aço | Parte 10

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- Não consigo ficar longe do homem que amo - disse isso puxando Erik para si, enquanto o casal ainda se olhava sem entender. Erik sorria achando graça da situação. Djey o abraçou forte enquanto continuavam a dançar. 

- Ficou maluca? - perguntou de modo amável, o que a deixava ainda mais tonta e vulnerável.

- Não quer que as outras pessoas desconfiem que estamos fingindo um namoro que não existe, quer? - nem ela mesma acreditou no que acabara de falar. Erik simplesmente encostou o rosto entre seus cabelos para sentir o perfume que saia do meio deles, com uma das mãos retirou parte que cobria seu delicado pescoço e de leve sentiu os lábios quentes e úmidos roçando sua pele macia. Estava sentindo um torpor, como se estivesse anestesiada. Em sua mente dizia para fazer algo, reagir, sair dali, mas o seu corpo pedia para ser acariciada, beijada por aquele homem que a deixava alucinada. Começou a imaginar aquela boca percorrendo seu pescoço, seu corpo relaxou por completo, sentiu um calor subindo da ponta do pé até o último fio de cabelo de sua cabeça. Foi quando o beijo chegou, com tanta paixão que acabaram esquecendo de onde estavam, das pessoas que olhavam admiradas, dos olhares maliciosos. Julia que ainda estava ali por perto saiu fincando os pés deixando Alex parado no meio da sala. Ele por outro lado pareceu não se importar muito com o que estava acontecendo e foi atrás do garçom. Djey já estava sem fôlego quando o beijo acabou. Os olhos de Erik permaneciam semi cerrados como se não quisesse parar o que estava fazendo.

- Pena que temos que ficar até o final do coquetel, caso contrário iria levar você agora para casa e terminar o que começamos.

Djey sentiu um leve tremor ao pensar nas palavras dele. Isso não iria acontecer. Não seria mais uma Julia na vida de Erik. Isso jamais.

No final da noite todos já haviam ido embora. Erik aparentava estar bastante cansado e ela também.

- Vou levar você agora para casa Djey.

- Não se preocupe, chamo um táxi - falou não querendo correr o risco de ele cumprir a promessa que havia feito anteriormente.

- Nem pensar, já levo você - Erik não aceitou argumentos.

No carro não trocaram nenhuma palavra e ao chegarem no hotel ele desligou o carro e desceu para abrir a porta para Djey descer.

- Vou levar você até o seu apartamento - disse sem esperar resposta.

Estava com medo de que ele cumprisse a promessa, mas ao chegar lá, ele simplesmente disse:

- Boa noite e durma bem. Ligo para você amanhã. Vovó me deu seu número.

- Está bem. Boa noite Erik.

Ao entrar em seu apartamento sentiu um vazio enorme, não entendia o que estava acontecendo consigo mesma. Nunca a solidão a incomodara tanto. Ao mesmo tempo que não queria que ele entrasse, agora desejava que tivesse ficado. Estava ficando maluca. Da janela viu o carro de Erik se afastar devagar. Tenho que dormir para esquecer tudo isso. Depois de um banho rápido se preparou para dormir. Enquanto o sono não vinha sua mente não parava de pensar no beijo que trocaram, na forma como ele a tocara tão carinhosamente. Como seu corpo reagiu tão intensamente as caricias dele? Erik era um completo estranho e mesmo assim parecia que se conheciam a anos. Tentou afastar aqueles pensamentos e dormir de uma vez por todas, mas seu sono foi conturbado e com sensações estranhas...

Pela manhã estava exausta e mau humorada. Escolheu suas roupas e caprichou na maquiagem, principalmente no corretivo para esconder as olheiras. Foi para o escritório agradecendo a Deus por ter que trabalhar e não precisar vaguear em pensamentos conflitantes.

Carol a conhecia bem e evitou comentários, se limitando a um breve bom dia. Nada parecia dar certo, não encontrava papéis importantes que precisava dar baixa. Estava uma pilha de nervos.

- Carol! Por favor, venha até aqui?- Djey a chamou pelo telefone.

- Sim, estou indo.

A porta logo se abriu.

- Preciso da pasta dos Maxwel, estava aqui e agora não a encontro.

- Calma Djey. Você havia me pedido para arquivar alguns papéis semana passada lembra? E pediu também para organizar tudo. A pasta que você procura já esta pronta. Já enviei inclusive o que precisava para a contabilidade e o que precisava para o almoxarifado também.

- Graças a Deus! - disse sentando exausta na cadeira de couro marrom.

- Você está péssima amiga- Carol comentou penalizada- Está acontecendo alguma coisa com você?

- Estou imprestável hoje. A noite não descansei direito, preciso relaxar. Vou almoçar por aqui mesmo, liga para um delivery para que tragam um sanduíche natural e um suco de abacaxi com hortelã também. Assim posso descansar um pouco depois do almoço.

Djey usaria o sofá que havia na sala para deitar e esticar suas pernas. fazia isso sempre que trabalha demais.

- Está bem. Hoje vou almoçar em casa, Greg vai almoçar comigo. Volto lá pelas duas. Precisa de algo mais?

- Não, obrigada Carol. 

Carol saiu fechando a porta. Aproveitou para levantar e se esticar um pouco. Foi até o toalete, olhando no espelho ficou espantada com as olheiras. Lavou o rosto, penteou os cabelos e prendeu no alto da cabeça. Aproveitou para retocar a maquiagem e dar mais uma realçada no batom cor de pêssego. Vestia no momento uma saia marinho um pouco acima dos joelhos, uma camisa de seda na cor pérola e nos pés um escarpam marinho. Agora já se sentia um pouco melhor.

Quando voltou para sua sala quase perdeu todo o ar que havia nos pulmões, tamanho o susto que sentiu ao ver Erik jogado em uma das poltronas. Um misto de alegria, perplexidade e nervosismo tomou conta do seu peito. Erik estava lindo com uma camisa na cor vinho, gravata rosa e calça chumbo. Os cabelos jogados para trás com  a barba feita, nos lábios um sorriso sedutor, realçando as covinhas em seu rosto. Os olhos dele brilharam ao vê-la, e seu coração disparou como se ainda fosse uma adolescente. No entanto algumas preocupações voltaram a sua mente. Aquele falso namoro era uma delas.




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