No meu corpo havia a costura de um vestido amarelo. Sempre ouvi dizer que o amarelo combinava com minha pele, mas nunca fui uma grande fã. É a bela cor da alegria, do nascer do sol, do beijo que faz o coração bater mais rápido, da melancolia de corpos se encostando. Talvez seja por isso que me abri e permiti tons diferentes cobrirem minha alma.
Ao fundo do cômodo, uma música calma. Não havia luz ligada aqui dentro, tudo o que iluminava era um pouco do brilho do luzeiro na rua da frente, que chegava até aqui pela janela, trazendo consigo o cheiro do orvalho da noite. Não tenho dormido muitas horas, então só me permito andar por aí, carregando na boca o gosto do vinho e na pele os vestígios recentes do toque daquele quem dizia amar demais.
Seu corpo estava muito perto e o quarto muito escuro, então eram poucas partes de sua pele que eu via. Era sempre a mesma visão que ficava clara conforme nós girávamos devagar: metade de seu braço nu e um pouco de seu ombro. Aquela música que gostamos ainda estava ao fundo e eu sentia que aqueles minutos de dança desengonçada eram sagrados.
"Te quero tanto." — Era a única frase que rodava na minha cabeça. Por céus, Joon, isso parece uma estrada sem saída. Eu amo tanto você. Mas parece que meus "tantos" jamais serão suficientes e você sempre vai merecer mais. É como se minha voz nunca alcançasse você de verdade, e eu estou aqui, presa no mudo.
Sei ler apenas suas extremidades, e me perdoe por isso. Ainda estou aprendendo a ler. Mesmo que eu fale de amor, quanto mais digo, menos sei dizer. Me perdoe por te ler assim.
E quanto mais cavo esse buraco, mais fundo fica. Me perco nesse teu cheiro bom, e me lembro da primeira vez em que olhei nos seus olhos. Noites longas e dias rápidos se passaram, você continua um mistério desde então.
Pele fria, cabelo bagunçado, jeito único de nos fazer ser quem somos. Eu morreria rápido por você. Toque meu corpo, sinta meu cabelo, olhe os meus olhos e me respire.
— Joon-ah?
— Sim?
— Eu te quero tanto...
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Que Seja Válido • Joon
FanfictionEle tocou a versão mais crua de mim. Não existe história a ser contada, não existe perdão a ser pedido. Só existe sangue para suar na carne, e uma pele bêbada e solitária pedindo o abraço dele de volta. Talvez seja por isso que eu morri de mim mesma...