É estranho pensar que você não conhece o significado de "saudade". Uma língua diferente cobre seu cérebro e essa palavra não te faz sentido. Me lembro do seu sotaque quase nulo, e essa sua voz não tão rouca e firme, e imagino como seus lábios ficariam ao sussurrar que sente saudades da gente.
Saudade é tão mais do que só sentir falta. Saudade é sentir partes do seu corpo sumindo, e essa falta se torna angustiante. Você some de mim cada dia mais, e eu não tô sabendo lidar com isso. Me colocar aqui, no seu lugar, pensar por você, imaginando as coisas que seus dedos tocam e saber que eu não sou uma delas é o cúmulo da dor que eu possa causar em mim mesma. Saudade é esse espaço de dois mundos e duas palmas entre meu corpo e o seu. É a falta que você faz sem ser falta verdadeira.
Você não faz falta, Joon. Você faz saudade. Arranca o carinho do meu sangue e some embora com ele, sem dizer quando volta. Imagino quantas vezes suas idas e vindas ainda vão me machucar.
Acordada em plena luz da madrugada, percebo que não existe só o meu lado da cama. Nunca passei para o seu lado, tenho medo de sentir seu cheiro. Então só me permiti chegar um pouco mais pro meio, de costas pro travesseiro que você dormia. Doeu não olhar para o seu lado. Doeu porque eu não suportava a ideia de aceitar que você não estava aqui de verdade.
Me agarrei aos lençóis e lembrei que não vai ter a gente assistindo TV e comendo aquela bolacha sem recheio com café. Não vai ter você brincando com as cores das minhas roupas e me ajudando a pentear o cabelo. Não vai ter você escolhendo um filme pra gente assistir de madrugada e me vendo escrever coisas novas sobre cada pinta do seu corpo.
Sinto saudade de como eu era feliz com você. Sinto saudade da gente. Sinto saudade do que a gente foi e do quanto nós brilhamos juntos. Sinto saudade de você. E amor, por mais que você não saiba o significado dessa palavra, eu rezo para que você sinta saudades minhas também.
Rezo para que você não esqueça do meu gosto e do arrepio de sermos um só.
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Que Seja Válido • Joon
Hayran KurguEle tocou a versão mais crua de mim. Não existe história a ser contada, não existe perdão a ser pedido. Só existe sangue para suar na carne, e uma pele bêbada e solitária pedindo o abraço dele de volta. Talvez seja por isso que eu morri de mim mesma...