• nota 8

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Eu observei as pessoas que passavam por mim. Elas andavam pelas ruas com suas mãos ocupadas de sacolas de compras ou então falando ao telefone, com o queixo erguido e o ego gritando alto, exatamente como humanos estão supostos a ser. Todos sorriam demais, como se não houvesse outra expressão que não fosse essa. E de tanto sorrir, já não estavam tão vivos.

Olhei então para ele que andava ao meu lado, e ele era outro que sorria. E por ele, eu também sorri — mesmo que não gostasse. Joon anda igualmente com a cabeça erguida e seu ar confiante. Sua mão também estava ocupada, mas não de sacolas ou um celular. Estava entrelaçada com a minha, fazendo hora ou outra um carinho singelo ali, e por seu carinho, eu soube que ele era real. Ele trajava um casaco bonito e brilho falso nos olhos, mas seu carinho era verdadeiro e presente.

Eu gritava por dentro. Torcia para que ele escutasse minha voz interna e nos levasse para casa de novo. Nos levasse para nossa cama, nossos lençóis e nosso mundo paralelo. Nos levasse para qualquer lugar onde não houvesse tantas pessoas mostrando os dentes. Mas ele não ouviu. Apenas continuava sorrindo e andando.

E naquele instante, enquanto ele sorria para sustentar aquele padrão das pessoas à sua volta e eu sorria por ele, aprendi que não é preciso muito para mudar a forma que os outros nos enxergam. Agora, olhando para o chão conforme nós andávamos naquelas ruas, só tentei me concentrar na sua mão colada na minha e esquecer que existiam outras pessoas ali.

Joon... você sorri demais.

Que Seja Válido • JoonOnde histórias criam vida. Descubra agora