• nota 19

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Se eu soubesse que naquela manhã, a partir do momento em que você saísse pela porta, eu fosse me sentir tão sozinha, não teria te deixado ir. Teria te abraçado forte e te pedido para me abraçar também. Iria querer que você tirasse minha jaqueta e sentisse minha pele na sua, não por questão de supercificialidade, mas por questão de sobrevivência. Porque seu toque no meu corpo quando não tem nada cobrindo a gente me prova que você tá aqui de verdade. Cura a carne.

Se eu soubesse que deixaria o café esfriar, teria te dito que não precisava ferver a água. Se eu soubesse que precisaria tanto do seu cheiro, não teria te deixado ir com aquele casaco azul. Se eu soubesse que perderia o ar e que não conseguiria escrever mais uma vírgula nova sem você estar por perto, ai amor, eu não te deixaria ir.

Mas acontece que você deixou a cama há pouco mais de uma hora e eu sinto que você não vai voltar. Talvez eu precise de algum remédio. Talvez eu precise de você. Talvez eu precise de mim, mas não sei me encontrar.

Se eu soubesse que esses rascunhos me machucariam tanto, jamais teria os escrito. Mas você entrou dentre as palavras, e olha só você brilhando aqui. Como te tiro de mim?

Se eu soubesse que morreria por você, teria amado o ar antes do seu beijo.

Mas amor, eu não sabia. Não sabia. Então tape minha boca e me faça de muda. Vamos continuar fingindo que eu não sei de nada, vamos continuar transbordando mentiras bonitas.

Eu não sei. Não sei.

E tá tudo bem.

Eu acho.  

Que Seja Válido • JoonOnde histórias criam vida. Descubra agora