• nota 37

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Vi você hoje. Estava cruzando a esquina do centro, com aquele casaco desbotado e o cabelo bagunçado. Você falava no telefone.

"E aí? Ainda tá pintando com aquela camisa velha?" — Queria perguntar, mas não me atrevi a sair de mim.

Logo você sumiu dentre os carros e meu estômago corroeu. Não foi uma dor. Foi um sumiço. Meu corpo estava indo embora junto com você, querendo correr naquelas ruas movimentadas da Castelo Branco e abraçar sua pele. Era uma necessidade de sentir seu cheiro e te implorar pra ficar, que tive de enfiar as mãos no bolso do casaco e apertar o pano até arder a carne. Precisava "me dar um beliscão" pra me desviar da imaginação querendo beijar os pontos dourados do seu ombro.

Eu era sua. Caramba, sempre fui sua. E eu bem sei que você é meu. E amo isso. Mas ai, Joon... me perdoa, tá? Me perdoa. Não sei evitar tudo isso. Preciso saber o que você acha do cinto novo que eu comprei, preciso que você me diga o que faria no meu lugar se sua garganta também estivesse doendo como a minha. Me perdoe por me costurar na sua alma e fingir saber respirar, mas preciso dos seus olhos pra ver se ainda tenho você.

Preciso de um pedaço seu pra saber que não estou sozinha, e saber também que mesmo quando esse capítulo acabar, não vou chorar sua falta outra vez.

Que Seja Válido • JoonOnde histórias criam vida. Descubra agora