• nota 12

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Joguei minhas mãos pro céu e disse:

— Eu me rendo.

Quando você diz que me ama olhando nos meus olhos eu sinto como se minha presença fosse mero pó. Você é tudo aqui, tudo o que importa. Seus olhos, seu toque, seu beijo.

Se atreva. Chegue mais perto e se atreva a me beijar. Me contorne do mesmo jeito que a água do mar contorna a areia da praia. Me deixe presa em você. Me prenda e esconda a chave.

Por um desses momentos, enquanto você sorri, percebo que sem seu sorriso eu não sou nada. Passiva, submissa aos seus encantos, pronta pra matar. Quem sou eu que não me vejo mais sem seu sorriso?

Estou morta, congelada, robótica. Mas ainda assim meus dedos teimam em tocar sua pele, querendo reviver. Será que é justo comigo enquanto humana me matar assim? Será que é justo com você eu te usar de ponte?

Enfie a faca mais fundo; sangre minha pele. Sinta meus pelos se arrepiando por você, pela sua voz. Perceba as constelações daqui de dentro. Ignore minhas palavras não pensadas, por favor. Pessoas como eu precisam falar, mas nem sempre as palavras serão suficientes.

— Te juro. — Meu corpo estava grudado no dele, sentada em seu colo e observando sua feição. — Tem alguma coisa que te contorna. Não sei o que é...

— Feche os olhos. — Ele pediu calmo, e eu os fechei.

Senti seus lábios na pele do meu rosto, a respiração na minha bochecha, o beijo molhado percorrendo o caminho até minha boca. Uma canção bonita, café da tarde, companhia gostosa pra jantar. Ventania gelada, grito preso na garganta. Lágrima de alegria, eu tava tão viva.

— O que me contorna... — Ele ainda falava baixo. — É você.

Que Seja Válido • JoonOnde histórias criam vida. Descubra agora