A Cor do Luto

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Os olhos cravados na grama verde, era a única coisa que não doía, o choque do corpo contra o chão, o calor em volta, o zumbido ensurdecedor, a fraqueza para se reerguer, e olhando-se para trás, uma nave despedaçada e em chamas, e um corpo conhecido e forte o bastante para reerguê-la. Lembrava-se de soslaio o ver correndo até ela, antes dos segundos perturbadores que se passavam. Ela desviara da ajuda de John, e corera em rumo a Astra, desviando dos movimentos dos soldados que formavam uma corrente de defesa contra o corpo do homem ferido, o rei. Atacando quem os atacassem, em defesa a família real do norte. Astra estava caída sobre o corpo do pai chorando, e os olhos que antes alegravam suas manhãs, tardes e noites, estavam sem vida. E fora ai que caíra de joelho sobre o chão e sentira a mandíbula tremer. Enquanto as lágrimas silenciosas e quentes desciam sobre seu rosto, sobre a dor que dominava o peito a sufocando, entre a dor no seu corpo. John a carreou do chão, mesmo ela ainda em prantos, e a levou para dentro do avião, Artur, carregava Astra, que ficaram para trás, levando um golpe do de um dos soldados se enfrentando, e notara em meio as lágrimas, uma cena cruel e real, onde pessoas se feriam em prol de egoísmo e ideais errados. Onde os bons pagavam pelos maus, em uma cobrança de preço sem fim.

- Eu irei te ver em breve, vou fazer voltarem em segurança- prometeu John, depositando-lhe um beijo sobre a testa, a entregando ao cuidado de uma das aeromoças.

- Alteza, sente-se aqui por favor.

O soluço era alto, e via sua irmã suja de sangue ser colocada em uma poltrona mais a frente, parecia ferida, mas, devia ser pelo seu pai. Não sabia, não queria saber. Estar com raiva, dolorida, machucada por dentro e por fora, e tudo fora tão rápido, não durara maia hora para perder uma das melhores pessoas de sua vida.

Tudo parecia distorcido, o palácio do norte, Miranda com um bebê nos braços, e todos eram muito grandes, tudo era maior do que se lembrava. O mundo, as coisas, as pessoas. A voz que ainda distorcia em seus ouvidos chamava sua atenção, era uma voz masculina, acalentadora. Como o instinto paternal.

- Craig querido, acho que ela prefere o voo das borboletas- dizia Miranda, com a face meio embaçada para os seus olhos.

- Venha docinho, vem aqui no papai- chamava Craig, sorridente, de joelhos sobre o gramado do jardim do palácio com um dos braços estendidos para ela, que corria até ele- acho que não querida, ela ainda prefere o colo do papai- respondia ele, em tom de vitória, e ouvira-se risadas.

- Astra meu amor, cuidado com os espinhos da rosa- alertou Miranda, calmamente.

Virara-se para onde focava os olhos de sua mãe, e um corpo pequeno de uma criança de seus cinco anos, de cabelos escuros, entretida com as flores, era o atrativo. Os braços acalentadores, a protegia, e o calor emitido pela respiração estava sobre sua cabeça, enquanto aproveitava o colo do pai.

- Sabia Briana, que um dia vocês, vão se tornar borboletas- contava ele animado e Miranda ria ao lado, com resmungos do bebê em seus braços.

- Vou poder voar papai?- perguntou ela, colocando suas mãozinhas pequenas e gordinhas no rosto do pai.

- Ah, sim. Vai voar com muita velocidade, mas, pro lugar certo, na estação certa- ele beijou sua testa.

- Majestades- alguém chamara a atenção e ambos- a princesa Dina tem algo para mostra.

- Papai, mamãe, neném...- falou a pequena, que ainda era segura pelas mãos de uma babá.

Série A Terra Nórdica- A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora