Capítulo 6

219 12 7
                                    

Os dias foram se passando tranquilos, digamos assim, e viraram alguns meses. Minha amizade com Christian estava intacta, nada tinha mudado, exceto o fato de que a gente se pegava. Continuávamos saindo para almoçar ou jantar, íamos ao cinema juntos, eu o ajudava com ideias para o trabalho e aos fins de semana, quando ele estava livre, Chris continuou indo comigo e com Eugenio nos ensaios e festas. Tudo na mais perfeita ordem. E eu evitava o máximo possível pensar demais. Por enquanto, estava dando certo.

Às sextas-feiras a noite saíamos todos juntos para comer fora ou nos reuníamos na casa de alguém. Numa dessas noites, na casa de Poncho, alguém teve a brilhante ideia de brincar de verdade ou consequência, a maioria não quis, então sugeriram "eu nunca" e eu fui a única que não quis.

- Eu não bebo, gente! Como vocês querem brincar de "eu nunca" com tequila?! – reclamei.

- Você bebeu no meu aniversário – Sebas disse cruzando os braços.

- E passei mal. Vomitei o banheiro do Christian todinho – respondi bufando. Jessy não me olhava nos olhos. Christian tinha um sorriso divertido no rosto.

- Eu gostei de ver você bêbeda. É engraçado – Christian disse sorrindo e eu o fuzilei com o olhar.

- Você não conta. Você é um traíra – respondi irritada.

- Qual é amiga? É só você mentir em algumas coisas – Jessy sugeriu de repente. – Fora você, dependendo do que for, no máximo, quem vai saber sou eu ou a Marimar porque te conhecemos desde criança – completou e todo mundo começou a reclamar, falando que não valia, tinha que ser sincero.

- Tá bom, eu jogo – concordei enquanto todo mundo discutia.

- Agora ninguém vai confiar e acreditar quando você não beber – Anahí respondeu e eu dei de ombros.

- Vocês que sabem então... – dei um sorriso e Jessy piscou pra mim.

- Ah não! Nós vamos brincar sim – Eugenio disse. – Eu sei muito podre da Maite também, nós trabalhamos juntos, qualquer coisa eu faço ela beber se eu souber que ela está mentindo – sugeriu e eu revirei os olhos.

- Leo, controla o seu homem, por favor – pedi e Leo só riu e beijou a bochecha de Eugenio. Continuaram discutindo sobre o quanto eu seria sincera no jogo. – Ok! Ok! Eu jogo e prometo para vocês que não vou mentir e vocês sabem que eu cumpro minhas promessas – concordei fazendo figas mentalmente, porque se eu fizesse de verdade alguém podia ver.

- Eu confio em você – Christian disse cruzando os braços e olhando pra mim, dando uma piscada discreta, e eu entendi que ele ia ficar atento para não deixar escapar nosso segredo.

- Eu também – Leo disse deitado no ombro do namorado e aos poucos todos concordaram. Minha consciência deu uma leve pesada, mas fingi que não percebi.

O jogo começou de forma leve, sem muita maldade. Eram "eu nunca" bobos. Mas aí meus amigos começaram a ficar alterados e a falar demais. Eu nem tinha bebido tanto, mas eu juro que já queria vomitar.

- Eu nunca beijei ninguém do nosso bonde – Sebas disse e virou seu copinho rindo. Mais alguns viraram também, mas eram casais. Anahí e Alfonso, Eugenio e Leo. Zuria virou também, segurando o riso, olhando para Sebas, mas todo mundo sabia que os dois se pegavam. Me mantive concentrada em não vomitar, aquele jogo estava ficando comprometedor.

- Eu nunca transei com ninguém do nosso bonde – Anahí disse gargalhando e bebeu do seu copinho que tinha sido cheio novamente. Poncho, Eugenio, Leo, Zuria e Sebas beberam também. Christian e eu evitávamos contato visual.

- Eu nunca tive uma amizade colorida – Christian disse de repente e bebeu rindo. Ele me olhou e piscou discretamente.

Eu não reparei em quem mais bebeu, corri para o banheiro e vomitei tudo o que tinha comido e bebido naquele dia.

Amigos Com Direitos (Chaverroni)Onde histórias criam vida. Descubra agora