Capítulo 15

190 15 0
                                    

CAPITULO 15

Tom e eu tínhamos tido nossa primeira noite de amor em um sofá. Eu tinha perdido minha virgindade em um sofá, que nem era meu e nem dos meus pais, como costuma acontecer nos filmes. Mas confesso que foi uma aventura bastante excitante. Não muito espaçosa, tampouco aconchegante, porém excitante.  Só que havíamos esquecido um detalhe: eu não morava só.

Estávamos dormindo abraçadinhos no sofá em um equilíbrio perfeito que nos mantinha em cima dele sem que nenhum dos dois caísse no chão em momento algum. Foi um equilíbrio desses que faltou na cena pós-naufrágio do filme Titanic, onde Rose se manteve sozinha em cima da porta de madeira em alto mar enquanto Jack afundava na sua frente. Se trocássemos os papeis, seria muito provável que Tom e eu nos salvássemos em cima da porta, ao passo que Rose dormiria no sofá e Jack no chão após cair do mesmo no meio da noite.

Às 6 da manhã, Mel, que havia passado a noite inteira trabalhando como promotora em um evento de moda, chegou ao apartamento e logo deu de cara com aquela cena: vassouras largadas no meio da sala, o som ainda tocando baixinho, o cesto caído no chão, deixando roupas sujas espalhadas ao seu redor e, por ultimo e não menos importante Tom e eu nus no seu sofá.

Mel parou por um momento olhando todos os detalhes daquela cena curiosa. Desligou o som, apanhou a vassoura do chão e me cutucou com ela, acredito que para saber se eu ainda estava viva.

- Ai meu Deus!!!! – Exclamei após acordar no susto. Aquele estava sendo o ápice do constrangimento que eu já havia passado na minha vida. Dei uns leves tapinhas no rosto de Tom que continuava a dormir. Comecei em seguida a procurar nossas roupas que, a essa altura, já estavam perdidas entre as peças sujas espalhadas no chão. Na minha frente, Mel continuava a me observar com um sorriso parvo no canto da boca.

- Olha, eu espero não estar atrapalhando nada – disse Mel levando a vassoura para encosta-la na parede mais próxima. Tom, que resolvera acordar, estava completamente vermelho de vergonha. Levantou e veio me ajudar a procurar nossas roupas.

- Mel, você se importa? – Ele falou deixando implícito que seria ótimo se ela parasse de olhar diretamente para nossos corpos nus e desesperados e fizesse a bondade de virar de costas enquanto tentávamos nos vestir.

- Não, não me importo não. – Ela respondeu sentando-se no outro sofá e mantendo o olhar na nossa direção. Claramente ela não entendeu a sutileza nas palavras de Tom.

- Mel, me desculpe por isso. Não era uma coisa que eu queria que você visse. – Falei.

- Fico feliz em compartilhar esse momento com vocês, então. – zombou. – Sério gente, não se preocupem. Essa é a primeira vez que eu encontro um homem nu na minha casa com outra mulher, e esse homem não é meu namorado. Na verdade é até um alivio porque da ultima vez que isso aconteceu, o homem nu com a outra mulher ERA meu namorado.

- Tom veio me ajudar com a faxina... – eu ia tentando explicar nervosamente.

- Estou vendo. Parece que as coisas saíram um pouco do controle aqui. – Mel não conseguia parar de rir com a situação.

- Eu estou indo lá pra casa para, você sabe... me arrumar para o trabalho – Tom, que conseguira terminar de se vestir, falava titubeante e sem jeito, sem saber direito para quem ou onde olhar – Daqui a pouco e passo aqui.

- Tudo bem. – Respondi ainda com a cabeça entalada na camisa branca de gola alta que não era a que eu estava usando na noite anterior, mas foi a primeira que eu encontrei no meio da balburdia.

- Tchau Tom, volte sempre. Se quiser se voluntariar para ajudar quando for meu dia de fazer a faxina eu vou aceitar, com CER-TE-ZA. – Mel brincou à medida que Tom dava prosseguimento a sua fuga. Ele se limitou a balançar a cabeça negativamente e saiu do apartamento.

Querida Folha em BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora