Capítulo 22

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CAPÍTULO 22

O Tempo havia parado. Não só parado como também fechado. Era como se as pessoas ao meu redor tivessem sido congeladas deixando apenas eu e Brian nos movimentarmos. Mas nos movimentávamos em câmera lenta. Ele na frente e eu o seguindo sem saber para onde, com o olhar baixo e temendo fazer qualquer movimento brusco.

Será que se eu correr agora ele vai perceber?, peguei-me pensando. Porém eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar o problema. Já sabia que mentira tinha perna curta, mas não sabia que era tão curta assim.

Passamos ao lado de Tom e Danilo. Brian o olhou de relance, mas nada falou nem fez. Eu evitei fazer contato visual com Tom, apesar de Brian estar de costas para mim naquele momento. Mas não era hora de arriscar nada, então continuei andando e o seguindo. Vez ou outra ele olhava para trás para ter certeza que eu ainda estava lá e tornava a olhar para frente.

Nos dirigimos para o segundo andar da loja e ali tomamos a direita, seguindo direto para uma porta meio oculta no canto do grande espaço. Na porta, a placa “Somente Funcionários” era a garantia de que teríamos uma conversa sigilosa. Brian tirou um molho de chaves do bolso e abriu a porta. Educadamente a segurou para que eu pudesse entrar e, logo em seguida, a trancou com a mesma chave.

Quando ele acendeu a luz, ficou nítida a imagem da sala. Tinha uma mesa retangular no centro, com suas respectivas cadeiras, e algumas prateleiras ao redor fechadas a chave. Brian apontou para uma das cadeiras como se pedisse, silenciosamente, para que eu me sentasse. E eu sentei. Cruzei as mãos em cima da mesa e as levei ao rosto em profundo nervosismo. Minhas pernas começaram a balançar tamanha era a ansiedade. E Brian andava tranquilamente diante de meus olhos. Tirou outra chave do bolso e abriu um armário alto.  De dentro, tirou uma garrafa de Whisky e dois copos. Os colocou na mesa, abriu a garrafa e finalmente se sentou.

- Você aceita? – ele perguntou.

- Você sabe... eu não bebo e... – respondi gaguejando.

- Eu insisto. – ele falou enquanto já enchia o meu copo. Aceitei com inquietação.

Brian tomou um grande gole e voltou a encher o próprio copo. Eu bebi um pouco e fiquei olhando para o copo enquanto o rodava na mesa com minhas duas mãos. “O Que eu estou fazendo aqui?”, eu pensava. “Aqui era o ultimo lugar que eu deveria estar esta hoje, a noite perfeita!”

- Você está nervosa? – ele quebrou o silêncio.

- Claro que eu estou nervosa, Brian. Se eu não te conhecesse bem julgaria que você está tentando me assassinar. Essa sala vazia e escondida, a bebida, tudo isso é uma sucessão de ferramentas pra transformar um lugar em uma cena de crime. – Respondi baixo, ainda olhando para o copo.

Ele sorriu e tomou outro gole. Eu pensei “Caramba, ele vai me matar mesmo!” E, como se tivesse lido meus pensamentos, ele respondeu:

- Não vou te matar não. Só queria conversar com você. Você sabe há quanto tempo eu trabalho nessa editora, Julia?

Ih rapaz, ele não vai só me matar como vai me fazer ouvir um sermão antes como tortura!

- Não sei Brian...

- 5 anos. Já passei por muita coisa nessa empresa. Coisas que me orgulho em dizer e coisas que me envergonho só de pensar. – olhou de soslaio para seu copo e ficou em silêncio. Eu já estava pra explodir de nervoso e ele não chegava ao ponto.

- Olha Brian, se você quiser me matar porque eu estou namorando com o Tom, tudo bem, eu não ligo. E sabe por que eu não ligo: porque eu estou feliz, e quando estamos felizes não ligamos para regras e...

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