Capítulo 27

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CAPÍTULO 27

Tom e eu entramos de volta no salão onde se era esperado ter um grande casamento. Familiares e amigos de Danilo e Samantha cochichavam pelos cantos, apreensivos. O padre saira do altar há muito tempo e fora beliscar algo na mesa de quitutes. Danilo, por sua vez, sentou-se nos degraus do altar e pôs-se a esperar. Quando nos viu, levantou de supetão.

- Cadê ela? – Nos perguntou, ainda segurando o microfone ligado.

- Ela... – puxei o microfone bruscamente de sua mão e arranquei o fio de som. – Ela pediu para esperar. Você tinha que transformar tudo em um show não é, Danilo?

- Um show? Foi uma prova de amor! Não esperava que você entendesse, mas ela devia ter entendido!

- COMO É QUE É? O que você quis dizer com isso?

- Parooooou! – Tom interveio. – Você não destrate minha namorada – disse para Danilo. – E você para de implicar com ele – disse para mim. – Vocês não podiam ter escolhido um pior momento para brigar.

Quando Tom parou de falar, percebemos que o salão inteiro estava em silêncio olhando para nós.

- Ótimo! Agora a gente virou a sessão da tarde da festa! – falei, já perdendo a paciência.

- Vem, vamos sair daqui. Vamos conversar em particular. – Tom sugeriu.

- Eu não vou sair daqui até Samantha cruzar aquela porta, Tom! – Danilo replicou e tornou a sentar-se nos degraus.

- Agora você está parecendo uma pessoa bem madura, olha... – ironizei. Tom me olhou torto.

- Julia, esse não é o momento para brincadeiras.

- O quê, Tom? A Culpa não é minha se isso esta acontecendo. Vocês que resolveram dar uma de madrinhas de casamento e organizar isso sem pedir a opinião de uma mulher antes. E se o Danilo conhecesse tão bem a mulher com quem deseja casar, saberia que ela é uma pessoa que detesta pressão.

- Que pressão, Julia? – Danilo gritou, levantando-se novamente.

- Que pressão, Danilo? Você não acha que ser colocada diante de uma multidão de família e amigos, no meio de um casamento surpresa com seu namorado com um microfone na mão igual o Bono Vox, apresentando todo o trabalho que teve pra organizar a festa como se fosse um show não é pressão? Não é pressão ela ter que aceitar se casar para não ser taxada pelo resto da vida como a louca que recusou casar com o namorado “mágico” que fez tudo isso por ela?

- Você está louca! Eu não obriguei ela a nada, tanto que ela saiu por aquela porta e até agora não voltou. E eu nem sei se ela vai voltar!

- Eu que tô louca agora!

- PAREM JÁ! – Tom pôs-se de pé entre mim e Danilo. – Tá certo, Julia. Erramos em term...

- Não erramos nada!

- Erramos, Danilo! Erramos em nos precipitar. Casamento surpresa é muito bonito, confesso que acho uma iniciativa romântica, mas o sucesso de um depende muito da personalidade da pessoa “surpreendida”, vamos dizer assim. E nós não levamos isso em conta. VOCÊ não levou isso em conta já que é suposto que você deveria conhecer ela melhor do que eu.

- Eu que sou o culpado agora? Muito obrigado, Tom, pela força que você está me dando.

- Não é questão de ser culpado ou não. Não quero culpar ninguém. Acho que todos nós fomos vítimas do imprevisto, do acaso. O Negócio agora é contar com a sorte, se agarrar a esperança. Se ela voltar, ótimo! Se não, segue em frente. Talvez ela não fosse a mulher da sua vida. Talvez a mulher da sua vida goste de um casamento surpresa!

- Não quero tentar isso de novo tão cedo...

E Danilo ficou lá, em silêncio. Tom me tirou dali para que não ocorressem mais atritos. Fomos para um canto que não tinha muita gente.

- Desculpa por tudo Julia. – Tom falou depois que sentamos em uma mesa vazia.

- Não, Tom. Não esquenta com isso. Sei que a intenção era boa. Muito errada e muito precipitada, mas no fundo era boa. – Aproximei minha cadeira junto à dele e Tom jogou o braço sobre mim. – Fiquei com mais dó do Brian que do Danilo. Ele saiu arrasado daqui.

- Então a culpa de Sam não aceitar casar não era dele?

- Não, claro que não. Ela nem sabia até você falar.

- O Que você acha que vai acontecer agora?

- Sinceramente? Não faço a mínima ideia. Mas vou descobrir e é já!

Levantei da cadeira e fui andando até a porta me sentindo um soldado caminhando em câmera lenta saindo de um local explodindo. Todos olhavam eu sair do salão.

Fui em direção à pequena casa onde havia deixado Sam e entrei. No lugar, nem sinal dela. O Vestido também havia sumido. No lugar em que estivera sentada, Sam deixou um bilhete que dizia:

 “Desculpem, não posso lidar com isso agora. Precisarei sumir por um tempo para refletir sobre o que eu realmente quero em minha vida. Minha cabeça está quebrada no momento, mas sei que é só assim que a luz conseguirá entrar nela. Peço que não me procurem porque quem precisa me encontrar sou eu mesma e apenas eu. Desculpe Danilo!  Beijos.

                                                                                         - Sam.”

Respirei fundo com o bilhete na mão. Sam estava certa. Ela quem sabia o que era melhor para a vida dela e eu admirava sua atitude. Foi corajosa. Corajosa como eu precisaria ser para voltar ao salão e dar aquela notícia.

- Ela não vai voltar.

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