body oil

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Encontro os mentirosos no pátio de Cuddledown. A grama está cheia de raquetes de tênis, garrafas de bebida e embalagens de comida. Os cinco estão deitados sobre toalhas de algodão, usando óculos de sol e comendo batatinha.

— Está se sentindo melhor? — pergunta Zoe. Ela está com um óculos de armação branca assim como os de Kurt Cobain, e usa um biquíni verde vivo. Fica estonteantemente linda.

Faço que sim com a cabeça.

— Sentimos sua falta.

Eles passam óleo de bebê no corpo para bronzear e deixam os frascos no gramado.

— Vocês não têm medo de se queimarem? — pergunto.

— Não acredito mais em protetor solar. — Ashton responde.

— Ele está convencido de que a indústria de protetor solar é uma farsa, e estão apenas induzindo o consumo coletivo. Não funciona. — Michael explica. Zoe continua passando o óleo pelos braços e brilha sob o sol quente.

— De onde vocês tiraram isso? — Luke levanta a cabeça, e olha para os irmãos antes de me encarar de forma engraçada. Ele sempre está com aquela faixa branca atravessando o rosto. Luke é superprotetor com seu nariz perfeito. Não o julgo, pois faria o mesmo se tivesse nascido naquele jeito.

Me deito ao lado de Michael, e abro um pacote de batatinhas sabor sal e vinagre.

Ashton lê em voz alta um trecho de um livro sobre Jane Goodall.

Fico olhando para o peito de Calum, lambuzado de óleo de bebê para bronzear. Estirado em uma toalha estampada, ele mexe na caixa de som, pulando as faixas pelo botão no aparelho.

— Uma música para você, Lola. — ele diz e Honey da Mariah Carrey começa a tocar. O frasco de óleo chega até mim e eu o espalho sobre a parte de cima da coxa e pela barriga.

And it's just like honey — cantam todos juntos. — when your love comes over me.



Vou atrás de Calum quando ele sobe até a cozinha de Cuddledown, para ajudá-lo a buscar mais garrafas de refrigerante. Eu o sigo pelo longo corredor, pego em sua mão e fico na ponta dos pés. Quase encostando em seu rosto. Estava realmente a fim de começar de novo.

Ele reveza o olhar entre meus lábios e a ponta do meu nariz, quase se curvando sobre mim. Quero beijá-lo, mas não sei como pedir permissão.

Então Calum se afasta.

— Eu não devia fazer isso.

— Por que não? — pergunto, ainda segurando sua mão.

— Não é que eu não queira, é que...

— Achei que íamos começar de novo. Isso não é começar de novo? Tipo, a gente se beijaria para rebobinar as fitas.

— Estou confuso. — Calum recua e se encosta na parede. — Essa conversa é tão clichê. Não sei mais o que dizer.

— Explique.

Uma pausa. Depois ele diz:

— Você não me conhece.

— Explique. — peço outra vez.

Calum coloca a cabeça entre as mãos. Ficamos lá parados, ambos encostados na parede de cada lado do corredor.

— Certo. Aqui vai uma parte. — ele finalmente sussurra, rompendo o silêncio ensurdecedor entre nós dois. — Você não conhece minha mãe. Você nunca foi no meu apartamento, e nem sabe que eu tenho uma irmã que se chama Mali-Koa.

we were liars - cthOnde histórias criam vida. Descubra agora