waiting for some kind of response

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fossa — daughter

Encontro minha mãe na varanda de Windemere com os cachorros. Ela está fazendo um cachecol de lã cor de creme.

— Você está sempre em Cuddledown. — Índia reclama. — Não dá atenção para ninguém em Clairmont. Inclusive, Liz disse que a casa está uma bagunça. O que aconteceu?

— Nada. Me desculpe pela bagunça.

— Se estiver realmente sujo, não podemos pedir para Ginny limpar. Você sabe disso, não é? Não é justo. Ela é paga para cuidar de Clairmont, não da bagunça das outras casas.

Tenho certeza que nenhum dos Mentirosos quer alguém indo à casa de Cuddledown. Preferimos ficar sozinhos.

— Não se preocupe. — eu me sento no degrau da varanda, entre Princesa Sparkles e Capitão Oats, acariciando seus pêlos dourados e compridos. — Vamos limpar tudo.

— Certo. — ela concorda.

Fico olhando para o jardim mal cuidado ao redor. A ilha parece esquecida, se não por Clairmont. Tudo está quieto. Não está tão calor. O sol não é tão forte.

— Ei, mãe?

— O quê foi, Lola?

— Por que você pediu para ninguém da família me contar do incêndio?

Ela solta o novelo e fica olhando para mim por um bom tempo. Não dá para descrever o que sinto com sua feição indecifrável.

— Você se lembrou do incêndio?

— Me lembrei há alguns dias, de repente. Não sei de tudo, mas sim. Lembro que o incêndio aconteceu. Lembro que vocês todos brigaram. E todo mundo foi embora da ilha. Eu lembro que fiquei aqui com Calum, Zoe, Michael, Ashton e Luke.

— Você se lembra de mais alguma coisa?

— Lembro como o céu ficou. Com as chamas. O cheiro da fumaça.

Se minha mãe acha que tenho alguma culpa, ela nunca, nunca, vai me perguntar. Sei que não. Ela não quer saber.

Mudei o curso da vida dela. Mudei o destino da família. Os Mentirosos e eu. Foi uma coisa horrível de se fazer. Mas foi alguma coisa necessária. Não fiquei apenas sentada, reclamando. Sou uma pessoa muito mais poderosa do que minha mãe jamais saberá. Eu a desobedeci e a ajudei ao mesmo tempo.

Índia se levanta da cadeira de balanço e vem até meu lado, acariciando meu cabelo curto. Tão melosa, que recuo.

— Só isso? — ela pergunta.

— Por que ninguém fala comigo sobre o que aconteceu? — repito.

— Por causa da... por causa... — Minha mãe faz uma pausa, procurando palavras. — Por causa da sua dor.

— Porque tenho dores de cabeça, porque não consigo me lembrar do acidente, não posso lidar com a ideia de Clairmont ter pegado fogo?

— Os médicos nos pediram para não acrescentar estresse na sua vida. — ela diz. — Disseram que o fogo pode ter desencadeado as dores de cabeça, pela inalação de fumaça ou... medo. — Ela termina de uma maneira ridícula.

— Não sou criança — esbravejo. — Sou capaz de lidar com informações básicas sobre nossa família. Durante todo o verão eu venho me esforçando para me lembrar do acidente e do que aconteceu antes. Por que não podem me contar, mãe? Seria tão mais simples.

— Eu contei. Há dois anos. Contei várias vezes, mas você nunca lembrava no dia seguinte. Quando falei com o médico, ele disse que não devia ficar te chateando desse jeito, não devia ficar te pressionando.

we were liars - cthOnde histórias criam vida. Descubra agora