epilogue

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Li Mentirosos, da E. Lockhart no início da quarentena por indicação de uma amiga. Um dos personagens principais, o Gat, me lembrava demais da ideia que tenho do Calum na cabeça. Inclusive, a descrição física só aumenta as semelhanças. Fiquei super tentada a escrever.

Na mesma época, descobri o clipe de 11 minutes da Halsey com o Yungblud e o Travis Barker. É claro que eu fiquei fascinada, meu cérebro em ponto de explodir. Eu ainda estava matutando a morte dos Mentirosos e reparei na divisão do clipe em fases do luto. Aí vem o primeiro easter egg:

Capítulo um — Everything Else

"[...] O que sei sobre os onze minutos, sobre eu ter sido encontrada na água, por ter saído para nadar à noite e ter voltado machucada, é porque tenho tudo anotado em post-its pelo quarto."

Sempre que alguém vinha me contar seus palpites sobre o acidente, eu citava o clipe. Não pela interpretação da história, mas sim pelos capítulos. Era um jeito discreto de te mostrar as fases do luto:

Ainda no primeiro capítulo, a Lola diz:

"[...] Me levaram para um hospital na cidade, onde fiquei em observação por algumas semanas sendo submetida a uma sequência infinita de exames. Hipotermia, problemas respiratórios e um ferimento indecifrável na cabeça,  que sequer aparecia na tomografia."

O que prova que Lola não bateu a cabeça. Ela não sofreu um traumatismo cranioencefálico como imaginava. Ela apresentava apenas amnésia seletiva por causa do luto não reconhecido e culpa. Como consequência, sentia as fortes dores de cabeça e precisou ser medicada com drogas pesadas que a debilitavam tanto física quanto mentalmente.

As fases do luto não seguem necessariamente uma ordem, mas se espera que a pessoa atravesse o período de negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. E, detalhe: eu só percebi isso quando assisti ao clipe. Faz sentido para mim. É nítido que a Lola viveu cada uma delas com muita intensidade.

Ela se negou tanto a acreditar no que tinha feito, que acabou por bloquear todas as lembranças do acidente.

Lola sentia raiva por não conseguir lembrar. Descontava toda essa frustração na relação com Índia. Muitas vezes ela reconhece que está sendo cruel com a mãe, que concordava com a atitude dos médicos em parar de contar a verdade e deixar com que Lola se lembre de tudo sozinha, no seu tempo.

Em seguida, a Lola barganha aos mentirosos sobre a verdade. Principalmente Zoe. Ela vive insistindo que a prima conte o que sabe, e consequentemente isso a desgasta e a deixa doente. Zoe não estava grávida, ela estava sofrendo por não poder falar a verdade que Lola já sabia.

Essa fase de barganha está muito relacionada à culpa. Inconscientemente, em muitos capítulos, a Lola demonstra que, no fundo, sente que foi ela quem fez algo absurdo, principalmente com Calum. Raramente ela se põe como vítima — é sempre, "O que eu fiz para o Calum?,"

Após a barganha, quando Lola entende que ninguém vai contar a verdade, ela entra no estágio da depressão. Ela está sempre se sentindo vazia, descrevendo os sentimentos com muita tristeza. Fica evidente quando ela começa a se lembrar de que aconteceu um incêndio em Clairmont. Lola chora muito, e se sente muito mal por lembrar da forma como Calum era tratado com preconceito pelo avô Harris e pelas tias — exceto Paige. Ela tem muito medo de ter obrigado Calum a participar do incêndio, como se tivesse o corrompido. Calum era muito bom para o mundo.

E, por último, a Lola passa pela aceitação. Justamente no capítulo "Box of souvenirs" , em que ela faz um funeral para os Mentirosos com as coisas que ela ainda tinha e que simbolizava cada um deles. A revolta do moletom verde é compreensível, mas era a única coisa material que a Lola tinha e que pertencia ao Calum.

we were liars - cthOnde histórias criam vida. Descubra agora