9° Capítulo - Nossos Demônios

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Dizem que criamos nossos demônios, nossos mártires, nosso inferno pessoal que pode nos atormentar como uma voz interior, em alguns casos como uma forma "física", ou até mesmo direcionamos para uma pessoa específica.

A parte mais assustadora disso, não é saber que tem algo que estará sempre dentro de nós esperando uma pequena fresta para se expressar e nos fazer sentir ou fazer o mal, mas sim, saber que essa parte é criada por nós e só é contida, porque tememos o quanto podemos gostar da sensação de libertá-la.

Senti meu coração pulsar acelerado e pude ver a pupila daquele rapaz dilatar cobrindo o verde dos seus olhos, quase que por completo de preto. Posso me ver refletida dentro dos olhos dele, é como voltar na noite que Aiden me transformou.

Sinto minha respiração descompassar e a adrenalina correr em mim em forma de desespero. Lance me abraça por trás como se dissesse que está comigo, me seguro a ele assustada e com vontade de chorar.

Stacy me olha por alguns segundos como se lembrasse de alguma coisa, desvia o olhar seguindo em frente superior:

— Ótimo! Agora teremos dois recém criados descontrolados. 

Cecily observa o rapaz morto no chão, era nítido em seu olhar que ela não conseguia administrar aquilo que estava sentindo, volta sua ira para Stacy:

— Arrume algum humano para quando ele acordar, ajudam-no. — Subiu como um vulto como se a casa fosse dela.

Posso notar Aiden me olhar preocupado, não consigo olhar para ele e não me lembrar dele me matando. Saio para fora de casa sentindo o ar fresco do lado de fora, respiro sentindo o cheiro da floresta, a umidade no ar, os musgos, é como se tudo me adentrasse me fazendo reconhecer cada cheiro, odor e detalhe ali apenas pelo o olfato.

Vejo Stacy sair como um vulto e seguro na grade da varanda escutando passos de Aiden atrás de mim:

— É difícil entender, mas não tínhamos escolhas.

— Ele nos ajudou e a recompensa foi a morte.

— Será um de nós agora.

— Ele não teve opção.

— Você também não. Cecily precisa dele agora, assim como eu preciso de você.

— Quer justificar a ação dela ou a sua?

— Ela é minha líder.

— Aquele rapaz, Gabe, vai odiar você e diferente de mim, ele não vai entender que você fez o que fez por causa de uma maldição, ele só vai te ver como um subordinado da Cecily que acata a todas as ordens dela como um cão fiel.

— Você não entenderia.

— Então para de tentar me fazer entender. 

Me observa por alguns segundos e concorda saindo dali. 

Solto uma respiração pesada. Sinto o vento trazer mechas do meu cabelo para meu rosto as afasto colocando-as atrás da orelha e voltando o olhar a floresta. 

Escuto passos e dessa vez é Lance, fica ao meu lado olhando a floresta.

— Veio me falar do Aiden? — Questionei com um certo sarcasmo.

— Por que eu faria isso?

— Porque você assim como ele é um subordinado. Só que pior já que é subordinado a todos acima de você.

— Eu era um soldado, Ava, então aprendi da pior forma que existem pessoas acima da gente e que não é humilhação abaixar a cabeça e reconhecermos nosso posto.

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