12° Capítulo - Monstros

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Quando crianças tememos os monstros em baixo de nossas camas, ou a espreita em alguma fresta prontos para quando fecharmos os olhos nos pegar.

Esses monstros vão ganhando formas assustadoras conforme nossa imaginação consegue criar. Baseando-se nas histórias que ouvimos ou lemos.

Até o dia em que percebemos que aquele monstro nos observando é uma peça de roupa mal colocada ou uma sombra projetada de galhos de árvores.

Achamos explicações para todos esses monstros que tememos tanto.

Mas quando se olha no espelho e vê que esse monstro é a versão mais bonita de si mesma, que está incubado atrás de uma artificial perfeição.

Se sente idiota por achar a vida toda que monstros eram criaturas assustadoras e bizarras quando na verdade, se escondem atrás da beleza.

Se surpreende por ver que os piores monstros estavam vivos a vida toda interiorizados dentro de nós.

Esperando apenas, uma brecha para sair.

E existem duas opções: A primeira e talvez mais fácil. Deixar isso vencer e definir o que você será.

A segunda e a que realmente pesa: Interioriza-lo novamente e retomar o controle.

A parte mais assustadora nessa escolha não é saber que uma das partes vai "vencer", mas sim, entender que mesmo que opte pela mais difícil, esses monstros ainda estarão incubados dentro de nós, esperando apenas a hora certa para saírem...

Perdi a noção de quanto tempo estava ali com Lance, me sento na cama tirando mechas do cabelo presas ao rosto e o observo por alguns segundos.

O loiro me olha com expressão de confuso em seus olhos e então franze a testa:

— Se sente melhor?

— Não.

— Estou acostumado com você com o humor oscilando, então, perguntei por esse motivo.

— Até quantos dias conseguimos ficar sem alimentar?

— É relativo. Um recém criado, menos do que um vampiro mais velho.

— Por que?

— Porque vocês agem como se ainda fossem humanos o tempo todo e isso exige que tenham mais sangue no organismo do que um vampiro mais velho que sabe controlar. Fora que não sabem conviver com a sede ainda.

— Eu convivo com isso a quase quatro meses.

— Bom... Considerando que eu já tenho mais de um século e meio de vida, isso não parece muita coisa.

— Eu só quero ser forte, e não quero que me manipulem facilmente.

— O que a Cecily fez com você?

— Me levou para que eu me alimentasse.

Me olha atônito:

— E o que aconteceu?

— Ela matou uma criança.

Ergue as sobrancelhas abaixando o olhar. Volta os olhos em mim:

— Descobriu o objetivo dela?

— Me mostrar que eu era um monstro e causei aquilo por ter matado os pais dela.

— Primeira regra, quando for invadir uma casa e matar pessoas, respire fundo e identifique quantas pessoas tem ali, escute os corações batendo, os batimentos de uma criança é diferente de um adulto. Foi descuidada por não pensar que poderia ter uma criança ali.

Filhos das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora