Capítulo 3

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Quando percebeu que a criatura havia sumido, abaixou os braços lentamente, agora sentindo uma forte dor. Seu braço direito estava quase que totalmente cheio de sangue, com um grande corte, que ia do ombro até seu cotovelo. Tentava cobrir com sua mão, porém esta era pequena em relação ao tamanho da ferida.

- Ah n-não. - um dos homens disse, visivelmente assustado, atraindo, assim, a atenção de Harmony.

Analisando-os melhor, percebeu que possuíam tatuagens em seus pescoços, um pouco parecidas com a dela. Achou estranho, mas não conseguia raciocinar direito com seu braço praticamente jorrando sangue.

- Temos que levá-la... Não temos? - um deles pergunta para o outro, que estava parado encarando-a com os olhos arregalados.

Sem esperar por uma resposta, caminha um pouco até chegar em Harmy, e se agacha, já que a menina está sentada no chão, encostada no muro. Com receio, aproxima sua mão do braço ensanguentado dela, pedindo permissão com um olhar. Observa o corte, com uma expressão preocupada no rosto.

- Ei, menininha, temos que te levar para um lugar onde... onde vamos olhar isso aqui, tá bom? - fala, gesticulando para o braço.

- Um hospital? - sua voz sai baixa e ela suspira forte, com a dor que está sentindo.

- Não, não é um hospital. - diz sério - Mas, esse lugar é... é a sua melhor chance... Você tem que vir conosco, tudo bem? - Harmony o encara por alguns segundos e concorda com a cabeça.

O homem a pega cuidadosamente nos braços, fazendo o possível para não encostar na ferida. Chama o outro, que já havia conseguindo se acalmar um pouco, e começa a segui-los. A rua ainda continuava deserta, e bastam poucos minutos para que eles, aparentemente, chegassem no lugar que o homem havia dito que iriam levá-la.

Harmy olha ao redor, e vê nada mais nada menos que a igreja abandonada. Bom, parece que ela finalmente conseguiu chegar aonde queria. Mas para um pouco para pensar e... por que a estavam levando até a lá? Em uma igreja, e ainda por cima abandonada. Tentou pensar nisso mais a dor a desconcentrava, então resolveu apenas ver no que ia dar, mas parece que foi pior ainda.

Rapidamente, os três entraram no local, mas Harmony não conseguia acreditar no que estava vendo. Se fosse um tesouro, seja lá de que tipo, era um dos grandes. Parecia ser uma agência secreta de espiões, como nos filmes, com equipamentos eletrônicos, pessoas vestidas como espiões e armas. Realmente não era um hospital.

Não demora muito, e as pessoas param o que estavam fazendo, começando a se aproximar, com olhares confusos, praticamente todos focados na menina desconhecida que estava com o braço pingando sangue.

- O que está acontecendo? - um homem alto aparece dentre as pessoas, com uma grande tatuagem no pescoço e olhos e cabelos castanhos. Parece ser algum tipo de líder.

Quando observa-os com atenção, suas sobrancelhas franzem, e começa a encarar especificamente Harmony, que tenta, por algum motivo, respirar mais baixo, engolindo em seco. 

- Quem... quem é ela? - pergunta, tentado a se aproximar, mas não o faz.

- Estávamos em uma missão e...

- Isso eu sei. 

- O demônio, ele a viu e a atacou. - o homem fala, tentando parecer calmo - Ele foi tão rápido, eu nunca havia visto um demônio se movimentar tão rápido antes. Iria matá-la, se ela não...

- Se ela não o que? - o moreno pergunta, aparentemente confuso.

- Se essa garota não o tivesse destruído antes. Foi incrível. Ela levantou os braços e o demônio se deteriorou com a luz. A luz que ela causou. Eu não sei como mas... ela o destruiu. Sozinha. - diz impressionado, deixando Harmony um pouco assustada com o que ela havia feito.

Um demônio a atacou. Tudo bem, não é tão comum assim, mas em fim. Um luz destruidora de mons... demônios surgiu dela e o destruiu. Sim, isso realmente está ficando um pouco estranho. Claro, não é a primeira vez que coisas estranhas acontecem com ela, há alguns anos lembra até de ter brincado com uma fada no parque, mas... É, também é um pouco estranho.

Com a expressão mais confusa ainda, o homem alto respira fundo, e os guia até uma sala que até parece um pouco com a de um hospital. A menina é colocada em uma espécie de maca, e uma mulher surge, começando a enfaixar seu braço, fazendo a dor dobrar de tamanho durante o processo.

- Tudo bem, agora vamos às perguntas.- o provável líder respira fundo - de novo.

- Mais? - Harmy o encara com a expressão um pouco mais suave no rosto, mas mesmo assim expressando dor.

Ele a observa - ainda confuso - com um olhar impressionado, talvez pela ~audácia~ daquele pequeno ser humano - ou não - que estava à sua frente. Depois de alguns segundos desvia o olhar dela, que agora está sobre os dois homens.

- Algum de vocês sabe como ela ainda está acordada? - gesticula para a mesma - Quer dizer, a ferida foi causada pelo demônio, não é? - ambos concordam com a cabeça. Ele volta novamente a observar a menina, tentando saber se, de alguma forma, a conhece. Percebe traços familiares em seu rosto, mas releva essa conclusão - Quem é você? - pergunta, fazendo com que ela suspira e diga:

- Me chamo Harmony. - sorri fraco - Harmony Fray.

No exato momento em que diz a última palavra, o rosto do homem, lentamente, fica com uma expressão indecifrável, e então os olhos que a encaravam arregalam. Não entendendo o que está acontecendo, Harmy olha ao redor, e seu olhar se cruza com o de um homem parado na porta. Quando o vê, ambos encarando até o fundo dos olhos um do outro, não conseguem parar.

Mal sabe ela que, naquele momento, o coração daquele homem loiro estava batendo tão rápido que poderia saltar para fora de seu peito.

Se passam longos minutos, até que Harmony finalmente desvia seu olhar para moreno alto, que ainda estava com o rosto indecifrável.

- Mas... E você? - não parecia que ele estava raciocinando totalmente bem naquele momento, mas, mesmo assim ela continuou - Como se chama? 

O homem abre e fecha a boca várias vezes, solta um suspiro longo, passa a mão no rosto, e responde:

- Eu... sou... Ah, pelo Anjo. - resmunga - Alexander Lightwood, mas... pode me chamar de Alec. - sorri, tão sutilmente que quase não se percebe que o fez - Então, você é Harmony? Fray? - fala, com certo nervosismo na voz.

- É, mas pode me chamar de Harmy. - dá de ombros.

- O que você é de Clary Fray? - o mesmo homem loiro que estava na porta, pergunta, agora já dentro da sala em si. Tinha uma tristeza visível em seu rosto, mas seus olhos transmitiam apenas uma coisa: esperança.


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