- Eu não ligo para o que vocês pensam sobre mim, preciso ir embora! - Harmony, um pouco alto demais, fala para os três, que insistiam para que ficasse - Não podem me prender aqui.
- Não estamos fazendo isso. - Jace diz, depois de ficar minutos quieto - Mas é que, se você for, pode ser atacada novamente. E não só você mas sua... - fecha os olhos, engolindo em seco - Sua família também ficará em perigo.
- Por que se importa?
Sua vontade era de dizer "porque amo sua mãe mais que tudo nesse mundo, e sinto que agora posso protegê-la", mas não o faz. Isso só deixaria a menina mais confusa, e não era o que ele queria. E além do mais, sentia que também se importava com Harmony, afinal, é apenas uma criança. Filha de Clary.
Quando parava para pensar nisso, parecia que ainda não tinha absorvido muito bem essa informação. E realmente não tinha. Imaginá-la vivendo uma vida feliz com outra pessoa, com a nova família que tinha formado, causava um dor imensurável a ele, que tomava conta de seu peito e o sufocava. Depois de anos, desde que havia saído de Nova York, Clary agora estava tão perto... Mas Jace não poderia fazer nada, pois ela não lembrava mais dele.
Porém aquela menina é uma shadowhunter, e estava exposta a perigos que nenhum mundano pode impedir.
- Porque você é uma de nós e... protegemos os nossos. Tentamos mantê-los a salvo. - responde, longos segundos depois.
- Não preciso da ajuda de vocês para me manter protegida. Tenho sete anos, e vocês nunca me ajudaram antes. E pelo que me lembre não recebi nenhuma ajuda quando destruí aquele monstro. E, antes que digam, eu sei que era um demônio. - sai rapidamente do quarto, sem dar tempo para que falem alguma coisa.
Começou a andar, sem olhar para trás, procurando pela saída, até que esbarra em alguém que estava correndo por ali. Não foi um impacto muito forte, mas mesmo assim Harmy acaba caindo no chão. Quando olha para o lado, uma garotinha a encara atentamente, com os olhos semi-cerrados. Parecia ter uns quatro anos, e tinha longos e lisos cabelos escuros, que cobriam uma pequena parte de seu rosto, já que não estavam presos.
- Alana! - Izzy grita enquanto se aproxima, repreendendo a menininha, que imediatamente se põe em pé - Por que está correndo? Eu já disse que correr pelo Instituto é proibido.
- Desculpe, mamãe. - diz, respirando forte, com as mãos nas costas, balançando o corpo para frente e para trás.
Harmony também se levanta, e fica observando a mulher e a garotinha. Poucos instantes depois um homem vem até elas, com passos longos e rápidos. Izzy conta o que aconteceu e ele encara Alana.
- Se continuar aprontando vai voltar para Idris mais rápido do que pensa. - se abaixa na altura dela e a faz se sentar em sua perna - Sabe por que estamos fazendo isso, não sabe? - pergunta e ela nega com a cabeça. O homem respira fundo, e continua a falar - Porque você pode se machucar e ainda por cima machucar outras pessoas. Entende? - a menininha faz que sim, recebe um castro beijo na testa e se levanta, indo até Harmy.
- Desculpe por eu ter esbarrado em você. - fala, com um pequeno sorriso no rosto.
- Tudo bem, foi um acidente. Sou Harmony. - estende a mão para ela, que a pega.
- Alana.
Depois que a cumprimentou, olha para aquelas três pessoas que estavam com ela no quarto por um breve momento, e volta a andar na direção da saída, que já havia localizado. Se impressiona pelo fato de que nenhuma delas falou alguma coisa sobre ela não ir embora - de novo.
Só bastam alguns instantes para que ela fique fora do campo de visão deles, que apenas ficam observando-a deixar o instituto.
- Vocês tem certeza de que devíamos deixá-la ir? - Jace pergunta, já tendo se aproximado dos outros com Alec, que diz:
- Ela já foi. Mas não podemos ficar sem fazer nada. Temos que fazê-la voltar.
- Estão falando daquela menina que a Alana derrubou? Quem é ela? - o homem que havia chegado a não muito tempo pergunta, visivelmente confuso.
Os três ficam calados por alguns segundos, deixando-o mais confuso ainda.
- Bom, a... Clary. - Izzy fala, o fazendo olhar para ela com outra expressão em seu rosto - Ela está aqui, em Nova York, Simon. E Harmony é sua filha.
~*~*~
Já faziam alguns minutos que andava, tentando chegar o mais rápido possível na escola. Não sabia muito bem o que iria fazer para que sua mãe não descobrisse sobre sua fuga, mas teria que pensar em algo, e rápido.
Quando espiou a porta de entrada da escola pela esquina, viu que ainda não estava na hora de largar. Ficou esperando por longos minutos, talvez até uma hora, sentada no batente da vitrine de uma loja. Deu outra olhada, como estava fazendo de dez em dez minutos, e viu o portão aberto, com algumas crianças saindo.
Esperou o fluxo de pessoas ficar maior, para conseguir se infiltrar entre elas e parecer que também havia saído da escola. Ficou com a cabeça baixa, para que ninguém a visse e perguntasse por que não estava na aula. Não muito tempo depois, se assustou quando ouviu a voz da mãe atrás de si.
- Harmy? - disse, pegando em seu ombro.
- Ah, oi, mãe. - sorriu fraco, olhando para ela, e, sem que quisesse, lembrou de tudo que tinha acontecido naquela manhã.
Era tudo tão confuso e estranho que nem parecia ser verdade, mas ela estava agindo com se fosse a coisa mais normal do mundo. Então lembrou do que Alec havia falado, e acabou parando para pensar como realmente iria lidar com tudo aquilo. Mas esse não era o maior problema. O pior era que ela estava em perigo, assim como sua mãe. E a última coisa que queria era que algo acontecesse com ela por sua causa.
Não demorou muito para que as duas chegassem em casa depois que saíram da escola. Todo o percurso foi silencioso, pois a mente de Harmony estava cheia demais para uma conversa.
Entraram no apartamento, tiraram os sapatos e os casacos e abriram as janelas. Ainda estava tudo muito quieto, até que, quando Clary viu a filha, que agora estava sem nada por cima da blusa, não pôde deixar de quebrar o silêncio.
- Harmony Jocelyn Fray... - disse, se aproximando da mesma - O que é isso no seu pescoço?
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Little Angel
Fiksi PenggemarHarmony Fray era uma garotinha aparentemente normal, vivendo com sua mãe em uma das maiores cidades dos Estados Unidos, Seattle. Porém o que as duas não sabiam era que a partir do momento em que se mudassem para Nova York, suas vidas nunca mais seri...