Os minutos que haviam se passado poderiam ser facilmente confundidos com horas. Uma tensão tomava conta daquele quarto.
- Jace, não... - Alec tentou falar, mas foi interrompido pelo mesmo o qual chamava a atenção.
- Por favor. - disse - Você a conhece? Ela... ela está aqui? - murmurou baixo a última frase, o que fez com que ficasse um pouco difícil de entender.
Nesse momento, tudo estava confuso na cabeça de Harmony. O que sua mãe tinha a ver com isso? O que essas pessoas são? Espiões de demônios e monstros do tipo?
- Sim, eu a conheço. - falou receosa - Clary Fray é...
- O que? O que ela é? - Jace perguntou rapidamente, não esperando a menina terminar de falar.
- Jace, por favor. Se acalme um pouco. - o loiro o encarou por breves segundos, voltando a sua atenção novamente para a menina.
Isso a estava assustando um pouco. Sua mãe poderia ser uma fugitiva, e essas pessoas só estavam tentando chegar até ela. Mas eles não sabiam quem era Harmy, e essa coisa de demônio e luz... nada fazia sentido.
Quando estava prestes a dizer que Clary era sua mãe, a dor voltou. Tão forte como nunca tinha sido. Olhou para as ataduras em seu braço, que, antes brancas, agora estavam vermelhas, ensopadas com seu sangue. Deu um grito alto, caindo deitada na maca.
- Ah, merda. - o moreno disse, se aproximando dela, aparentemente sem saber o que fazer. Na verdade, ele sabia. Sabia exatamente o que poderia curá-la. Mas não irá funcionar a menos que ela seja...
Seus pensamentos se dispersaram quando lembrou de como o demônio havia sido destruído. "[...] Ela levantou os braços e o demônio se deteriorou com a luz. A luz que ela causou. Eu não sei como mas... ela o destruiu. Sozinha.". Imediatamente, começou a observar os braços de Harmony, resmungando de dor, até que seu olhar parou em seu pulso. Ela possuía uma marca escura, com um formato incomum. Era uma runa. Como ela havia a adquirido? Bom, não havia tempo para pensar nisso agora.
Jace estava parado, com a expressão um pouco preocupada, acompanhando as ações de Alec.
Segundo a lógica, se ela já possui uma runa, não terá problema em receber outra. Aliás, se isso não acontecer, é bem provável que só aguente até certo tempo. É impressionante como, com essa enorme ferida causada por um demônio, ela ainda esteja acordada e tão bem.
Não demora muito até que o homem pega um objeto em seu bolso, algo que Harmony não consegue reconhecer. Jace estava parado, não muito longe deles, com a expressão um pouco preocupada, acompanhando as ações de Alec, porém sem fazer nada.
- O que é isso? - Harmy pergunta.
- Se chama estela. - a aproxima do pescoço dela, respirando fundo e direcionando seu olhar ao rosto da menina - Se tiver mais perguntas, deixe para depois. Pronta? - mesmo não sabendo para que, Harmy concorda, e o homem começa a manusear o objeto.
Um pequeno formigamento se instala em seu pescoço, e, segundos depois, Alec se afasta, guarda a estela, e começa a desfazer as ataduras no braço machucado. Harmony estava tão concentrada observando-o, que nem percebeu que a dor havia ido embora. Quando a ferida estava descoberta novamente, ela não estava mais lá.
Cada vez mais, faz menos sentido.
- O que... o que você fez? - passa a mão pelo seu braço, agora novinho em folha.
- Deixe-me perguntar primeiro. - Alec fala - Essa marca, em seu pulso, o que é?
- Pensei que você pudesse saber, já que tem algumas um pouco parecidas, porque eu não faço ideia.
É um pouco estranho você ter uma tatuagem com sete anos de idade, que não sabe do que é e nem de onde surgiu, mas, como já disse, coisas estranhas costumam acontecer com Harmy.
- Sabe como a conseguiu?
- Bom, tenho quase certeza de que está aqui - gesticula para o pulso - desde sempre, então acho que, sei lá, pode ser uma marca de nascença super estranha - dá de ombros.
- Olha, eu não acho que seja uma marca de nascença. Provavelmente, muito provavelmente, é uma runa, mas tem um pequeno porém. Não se nasce com uma. - diz, encarando Harmony - Eu acabei de desenhar outra em seu pescoço. Uma iratze, runa de cura. Foi o que fez seu corte desaparecer, mas... estava bem feio, e o veneno... Eu não sei como funcionou. Como você continuou acordada. Isso é praticamente impossível.
A menina escutava atentamente, tentando fazer com que fizesse sentido, mas simplesmente não fazia. Agora ela tinha outra tatuagem, que era mágica, curava e tem até nome. Agora definitivamente é o momento certo de parar de tentar entender, porque quanto mais ela faz isso, mas estranho fica. E ainda por cima tem o loiro estranho aparentemente obcecado pela sua mãe. Ele, por sinal, continuava parado, sem dizer mais nenhuma palavra... até agora.
- Mas ela é uma de nós. - disse para Alec, e depois olhou para a menina - Então, Harmony. - se aproxima um pouco, com um passo curto - Clary Fray é sua... - faz uma longa pausa, fechando os olhos por alguns segundos - Sua mãe?
Por instantes, o silêncio toma conta do quarto. Ao mesmo tempo que Harmy pensa que não deveria contar a verdade, algo dentro dela diz que, primeiro: eles provavelmente já sabem que sim, e segundo: se ela disser o "sim", a partir desse momento, sua vida nunca mais será a mesma.
Respira fundo, e percebe que Alec e Jace a encaram tão concentrados que nem sequer piscam. Eles dão um pouco de medo.
- Sim, ela é minha mãe. - nesse momento, o moreno alto, que está sentado, abaixa a cabeça e a apoia com as mãos, com os cotovelos apoiados na perna. O loiro anda para trás, fazendo com que suas costas batam na parede, e põe as mãos no rosto - Mas como vocês sabiam o nome dela e por que ficam tão estranhos do nada como estão agora? - ela pergunta, mas ao que parece eles não prestaram muita atenção.
Ficam um ou dois minutos assim, até que mais alguém chega no quarto. Uma mulher, com cabelos escuros e claro, tatuagens - runas, tanto faz - espalhadas pelo pescoço e braços. Ela olha ao redor, com as sobrancelhas franzidas, e, como se não pudesse ser diferente, seu olhar para em Harmony, que, antes estava brincando com os próprios dedos, agora também olha para a mulher.
- O que aconteceu aqui? - os dois homens levantam as cabeças, quase que ao mesmo tempo, dão uma olhada em Harmy, e um deles - o moreno - responde:
- Conheça Harmony Fray. - diz, respirando fundo - E sim, ela é filha de quem você está pensando.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Little Angel
FanfictionHarmony Fray era uma garotinha aparentemente normal, vivendo com sua mãe em uma das maiores cidades dos Estados Unidos, Seattle. Porém o que as duas não sabiam era que a partir do momento em que se mudassem para Nova York, suas vidas nunca mais seri...