Capítulo 10

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- Eu não sei, ela... Eu a peguei na escola, como sempre, e então quando chegamos em casa vi uma tatuagem em seu pescoço, e então... Quer dizer, parecia uma tatuagem, mas não sei se poderia ser outra coisa... - Clary tentava falar com o policial que estava na sua frente, tentava descrever o que havia acontecido, mesmo com os pensamentos bagunçados em sua mente - Ela perguntou como eu conseguia ver, e depois simplesmente se desculpou e disse que tinha que ir... e então foi. Saiu pela porta e não voltou mais. Já fazem cinco dias... Eu não sabia o que fazer, acho que demorei para perceber o que realmente aconteceu... Simplesmente não conseguia acreditar... 

- Sua filha vinha apresentando algum... comportamento estranho nos últimos dias, senhora? - o homem perguntou, olhando atentamente para Clary, com o pequeno bloco de notas e uma caneta nas mãos.

- Não, tudo estava... normal. E eu a conheço, ela nunca faria algo assim. - quanto mais falava, mais sua voz falhava e ficava cada vez mais difícil segurar as lágrimas que estavam prestes a sair de seus olhos - Eu não faço ideia do que aconteceu ou do porquê de ela ter feito isso. Não consigo entender, eu... - demorou para perceber que as mesmas lágrimas que tentava evitar já haviam tomado conta de seu rosto.

~*~*~

- Sério?! Então quer dizer que você é o melhor de todos? - Harmy pergunta para Jace, sentada no chão com as pequenas pernas cruzadas.

- Bom... é o que dizem. - o loiro fala, apoiado na grande mesa de uma das salas do Instituto.

- E até parece que você não concorda nem um pouco com isso. 

Jace sempre soube que é o mais forte, mais rápido e mais eficaz naquilo que nasceu para fazer: caçar demônios. Achava que isso era o único objetivo de sua vida. Sua própria vida só existia para que fizesse isso. Depois, ele descobriu algo maior.

Durante a infância, não recebia o amor que uma criança deve receber, mas sim o treinamento ideal para um caçador de sombras. Foi privado de amor e carinho, e alimentado de força para que fizesse do melhor jeito possível o que todos de sua espécie fazem. Se, por um acaso, tivesse tido pais amorosos, talvez não seria tão forte. Mas, primeiro: pais shadowhunters não costumam ser tão amorosos - cresceram com o pensamento de que o amor enfraquece -, e segundo: existe outra razão para a força de Jace.

Olhando para Harmony, sabe que ela havia sido criada com amor. Tem certeza absoluta disso. Mundanos pensam que o amor fortacele, e, por isso, recebem e dão muito dele. Talvez seja verdade... mas, assim como consegue fortalecer, pode machucar. E é a pior dor do mundo. 

- Você foi ótima ontem. - ele diz, encarando a menina atentamente. Acha improvável que um dia se canse de olhar para seus olhos brilhantes e tão claros como o lago mais cristalino.

- Você já disse isso... ontem. - responde e se levanta do chão, também se apoiando na mesma mesa que Jace está, apesar de por pouco não conseguir fazê-lo. 

Os dois ficaram ali, conversando um pouco mais sobre shadowhunters e todas as outras coisas relacionadas a isso, até que Alec apareceu na sala onde estavam, com a expressão tensa e passos firmes.

- O que aconteceu? - Jace pergunta, se desencostando da mesa e logo ganhado uma postura ereta, andando rapidamente até Alec.

- Policiais. - ele diz, calmo - Estão lá fora, rondando o local.

- Eles não podem fazer muita coisa. - o loiro respira fundo, passando as mãos pelos cabelos - Foi ela quem os contatou, não foi?

- Sim, não teria outro motivo para estarem aqui.

Eles já sabiam que, mais cedo ou mais tarde, começariam buscas com a tentativa de encontrar Harmony, mas a polícia ou qualquer outro departamento do tipo não poderia fazer muita coisa em relação a isso. São mundanos, e o Instituto de Nova York não passa de uma igreja abandonada para eles.

Little AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora