Capítulo 20

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CAPÍTULO 20

Sebastian continuou parado, encarando a cama, mas sem olhar para ela.

– Preciso descansar, Charlotte.

Ela suspirou, bufou, na verdade. Estava cansada e com raiva dele. Ao mesmo tempo em que estava se sentindo melancólica depois do que havia lido naquela carta. E também sentia pena dele. Havia tido uma mulher que o amara, mas parecia estar tão gelado por dentro que escolhera não notar o amor que ela lhe dava. Ninguém psicologicamente saudável escolheria não ser amado, escolheria se distanciar disso. Ela sentia muito por ele, mas enquanto a afastasse, sinceramente não iria forçá-lo a nada.

Deu-lhe as costas e seguiu para fora. Ele a alcançou antes que chegasse à soleira da porta.

Parou à sua frente, seu rosto enigmático, os olhos obscurecidos, parecendo cansados. Ela sentiu ainda mais por ele.

– Não estive com nenhuma mulher.

Charlotte perscrutou o rosto dele atrás de algum indício de que pudesse estar mentindo.

– Por que saiu, então?

– Eu precisava de distância.

– O que esteve fazendo durante todas essas horas?

– Estava bebendo com Carling. – Ele soltou o braço dela, que havia segurado e deu alguns passos para trás.

Charlotte assentiu, estava aliviada, porque se ele estivesse com alguém ela realmente não conseguiria mais ficar ali nenhum instante. Mas ainda estava com raiva, ao mesmo tempo em que se sentia melancólica. Virou de costas, e voltou a andar até a porta.

– Charlotte.

Ela parou, mas demorou muito tempo até se virar. Quando finalmente o fez, ele estava mais perto do que antes, seu cheiro muito bom, ainda que misturado ao cheiro da bebida.
– Fique.

– Você não quer que eu fique.

Ele balançou a cabeça. Os olhos estavam tristes, um pouco injetados, e pela primeira vez, não ameaçadores.

– Perdoe-me.

– Pelo quê?

– Não me deixe ainda mais desconfortável.

– Não estou tentando deixá-lo. Apenas quero que especifique.

– Não deveria ter agido como agi. Eu fiquei... enciumado – ele cuspiu a palavra, como se estivesse falando de uma doença altamente contagiosa.

– Você acreditou em mim?

Ele assentiu.

– Então porque, mesmo assim, ainda foi embora?

Suspirando, ele voltou para perto da lareira, abrindo uma distância maior entre os dois.

– Você faz com que eu me sinta... possuído. Eu quero estar com você mesmo quando já estou. Mesmo quando já estamos perto, mas não é o suficiente para mim. Nunca parece ser.

Ele voltou a se aproximar, e Charlotte foi em sua direção.

Somente agora ela percebia que estava com uma barba de dois ou três dias que lhe sombreava o rosto. Nunca imaginou que um dia o veria com um aspecto tão desarrumado. Mas em nada lhe diminuía a beleza. O peito largo subia e descia em uma respiração compassada, mas um pouco acelerada. E quando ela chegou perto o suficiente para tocá-lo, ele se retesou.

– Por que precisa da distância? Por que não me deixa entrar?

– Você já entrou mais do que deveria.

Casamento com o Duque (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora