Casamento com o Duque (Concluído)

Capítulo 23

CAPÍTULO 23

Ele não conseguia respirar direito. Medo, raiva, apreensão, tudo se misturava em um misto de emoções que formavam um caos em seu interior. E tudo por causa de Charlotte. E dele mesmo, é claro, que havia se deixado envolver, mesmo que desde o início tivesse notado claro sinais de que não conseguiria ser indiferente a ela.

Já começava a pagar o preço pelo seu erro. O medo que se alastrava por ele quando pensava na possibilidade de algo ruim acontecer com ela e o bebê. E o quanto era frustrante a invasão dela, muito mais do que se qualquer outra pessoa houvesse feito o mesmo. É claro que aquilo acontecia. Havia se deixado... apaixonar.

Estava apaixonado.

Por isso sentira ciúmes pela primeira vez em sua vida; por isso permitia que ela invadisse seu espaço; por isso dormia com ela todas as noites; por isso estava apavorado com a gravidez e a possibilidade de algo dar errado.

Como havia permitido que aquilo acontecesse, simplesmente não sabia. Com as suas experiências com o amor, não conseguia imaginar como pudera ser tão imbecil de deixar-se vivenciar aquela emoção novamente.

Trancou-se no quarto, fechando com a chave a porta que dava acesso ao de Charlotte. Deveria ter feito isso desde o início.

...

– Milady, Sua Graça solicita sua presença na sala matinal para que seja examinada pelo médico – anunciou Dayse, à porta de seu quarto.

Charlotte riu, sem humor. Ela simplesmente odiava quando ele fazia aquilo. Mas somente em saber que havia chamado o médico tão cedo da manhã, ainda que depois de descobrir a besteira que ela fizera, ela podia supor que ele não estava tão bravo quanto imaginava. Quase não conseguira dormir durante a noite. Fazia algum tempo que não dormia sozinha. Sentira falta do calor e da proteção do corpo dele.

Levantou-se, deixando a xícara de chá na bandeja de café da manhã que havia pedido. Ainda vestia a camisola, precisava trocar-se e dar um jeito nas olheiras e na cara amassada.

– Dayse, procure um vestido leve para mim, nada de espartilhos, por favor. Não estou... – Charlotte sentiu uma pequena tontura e voltou a sentar-se novamente.

Dayse correu para ampará-la.

– Você está bem, milady?

Ela piscou algumas vezes, em seguida ficou de pé lentamente.

– Sim, sim.

– Minha mãe sentia enjoos matinais com bastante frequência nos primeiros meses de gravidez, as vezes tonturas também. Talvez milady seja assim também.

– Sou realmente sortuda – resmungou, seguindo para o lavabo.

Vinte minutos depois, saiu do quarto e descia as escadas quando uma nova onda de enjoos a invadiu. Segurou o corrimão com mais força, apoiando-se nele, e fechou os olhos bem apertados, esperando até que passasse. Havia tomado apenas alguns goles de chá, portando ainda que estivesse disposta a vomitar, seu estômago estava vazio.

Ouviu passos rápidos subindo a escada, e em seguida mãos fortes envolveram sua cintura, amparando-a.

– Charlotte! O que está sentindo? – Sebastian levantou o rosto dela com a mão, fazendo-a encará-lo. – Está pálida. O médico está lá embaixo.

Em um movimento rápido que fez sua cabeça girar ainda mais, ele a ergueu nos braços e desceu rapidamente a escadaria, abrindo a porta da sala com um pontapé e quase gritando ao médico:

– Não sei o que ela está sentindo. Examine-a!

O médico não ousou desobedecê-lo e imediatamente examinou Charlotte minuciosamente. Sebastian ficou com ela o tempo inteiro, apertando os lábios e mostrando-se apreensivo.