CAPÍTULO XXII

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Ela voltou. Minha menina.

Sara está de volta.

Instantaneamente senti meu rosto ser molhado pela primeira lágrima.


– Meu Deus, minha menina está de volta. - olhei para Shawn que parecia não estar aqui. – Você ouviu? - o chacoalhei fazendo-o me olhar. – Sara está aqui!

– Tem certeza de que é Sara? - me ignorou perguntando à minha mãe.

– É claro que eu tenho. - ralhou. – Acha que eu ligaria se não tivesse?

– Não sei. Não é a primeira vez que aparecem dizendo ser Sara, o que nos garante que é ela?

–Pai? Mãe? - a voz surgiu atrás de mim e eu travei.

A mesma voz de oito anos atrás, com um tom levemente mais grave e maduro.

De repente, Shawn não estava mais ao meu lado e minha mãe sumiu do meu campo de visão.

– É você mesmo... - ele disse em um tom levemente melancólico e emocionado. – O mesmo rostinho, o mesmo cabelo, tão linda.

– Sou eu, papai. Estou aqui. - sua voz embargada me fez virar para encará-la finamente.

Os cabelos muito longos e escuros, como os meus, com o aspecto ondulado e bagunçado do pai estavam molhados. Ela vestia um pijama antigo da minha irmã.

Sempre achei que Sara seria uma garota grande mas seu corpo magro e pequeno a faz ficar cada vez mais parecida comigo.

Observei por um bom tempo Shawn alisar seu cabelo enquanto sua cabeça permanecia enterrada em seu peito e o choro era denunciado pelo balançar de seu corpo.

– Veja, querida, - Shawn colocou as duas mãos em seu rosto olhando no fundo de seus olhos ainda desacreditado. – eu preciso ir para casa, está tarde e seus irmãos estão dormindo no carro mas - olhou rapidamente para mim. – sua mãe vai passar a noite com você e, amanhã, logo cedinho eu venho pra... enfim, eu venho logo cedo. Tudo bem? - ela consentiu sorrindo em meio às lágrimas.

Meu alívio foi imenso ao recebê-la em meus braços. A abracei com tanta vontade que por um momento senti que éramos uma só.

Ficamos sozinhas no andar de baixo e, como nos velhos tempos quando o pai dela viajava, a vi fechar, lentamente, os olhos e abri-los com extrema rapidez em uma luta gigantesca contra o sono.

– Venha querida, você deve estar cansada. - a puxei escada acima e parei em frente à porta que já estava levemente aberta.

– Mãe... - ela parecia receosa. – Eu preciso te contar uma coisa.

Me virei para deixar que minha total atenção caia sobre ela.

– Diga, meu bem. Eu estou aqui agora. - passei a mão por seu cabelo e meu coração se despedaçou quando, inicialmente, ela recuou com meu toque.

– É que... - gaguejou. – Eu não vim sozinha. - engoliu a saliva, claramente nervosa com a presença de outro alguém.

Sai da frente da porta esperando que ela adentrasse o quarto em busca da nossa visita. Nada importava mais para mim do que ela estar aqui. Bem e viva.

Apenas mais uma história clichê sobre o que é amar...Onde histórias criam vida. Descubra agora