A investigação correu de maneira rápida, uma vez que pouco antes de Sara nos encontrar, Sofia tinha reaberto as investigações que, agora, estavam sob seu comando.
Toda aquela loucura de tribunal, exames, testemunhas e investigações me fez, por um momento, realmente crer que eu ficaria louca e o pior, Sara parecia perceber meu nervosismo perante a situação. Me senti péssima naquele momento.
Minha menina foi forte durante todo o tempo, precisando depor, testemunhar e ser interrogada ela, em momento algum, derramou lágrimas ou vacilou quanto ao que acreditava. Nem mesmo quando Charlie e ela precisaram se submeter a testes de DNA. O juiz quis ter certeza de que Sara era nossa filha assim como Charlie era, bem, Charlie é nossa de qualquer maneira.
Quando aquele martelo soou pela última vez, senti aquele peso ser lançado pra tão longe que nem pude ter noção de quão grande ele era, só sei que era o maior que eu já tinha carregado por toda a minha vida até o momento e continuará sendo até o fim dela.
Levei Sara para casa aquele dia como se eu estivesse levando um recém-nascido. Meu primeiro recém-nascido.
Me mantive em um êxtase tão grande que nem soube ao certo o que fazer. Não sabia se eu dava uma festa, se promovia um jantar ou algo do tipo mas a única coisa que eu consegui fazer foi chorar. Chorei de alívio, chorei de felicidade, chorei por ver a justiça ser feita. Chorei por já não sentir mais saudade.
– Oi. - a mul sorriu tímida para mim, parada no batente da porta.
Olhei para o menino recém banhado sobre a cama e sorri. Seus olhos não saiam dela mas nenhuma palavra foi dita.
– Lembra que eu disse que tinha uma surpresa pra você? - seus olhos esperançosos aumentaram ainda mais de tamanho. – Sua mamãe está de volta, meu amor. - um sorriso tímido quase se abriu em seus lábios. – Você quer dar um abraço nela? - ajeitei a gola de sua camisa vendo-o concordar com a cabeça. – Então vai. - indiquei com a cabeça a direção da mulher que já estava agachada com os braços estendidos e olhos banhados em lágrimas.
– Oi, meu amor. - beijou o topo da cabeça do menino. – Eu nunca mais vou te largar, meu filho. Nunca mais. - com os olhos fechados ela se levantou com Victor no colo. – Você está tão lindo.
– Você está de volta, mamãe. - limpou as lágrimas que escorriam por sua bochecha, foi quando reparei que eu também chorava. – Não chora. - pediu deitando a cabeça no ombro da mulher.
Ela sibilou um obrigada ainda com lágrimas escorrendo dos olhos e eu me aproximei a tempo de ver Sara saindo da porta ao lado com Charlie em seus braços. Um sorriso vitorioso nos lábios, vindo em nossa direção.
– Essa é a Charlie. - inclinou os braços mostrando nosso pequeno pacotinho para que Karla pudesse vê-la.
– Ela é tão linda. - seus olhos de acenderam novamente, totalmente sinceros. – Se parece muito com você, Sara. Parabéns.
Passei pelas duas deixando-as a sós com as crianças e segui em direção à cozinha.
Quando encontraram Karla, sabe-se lá Deus onde, ela estava tão machucada e sem forças que quase não pode dar sua parte no caso. Vê-la hoje, andando, bem e quase sem curativos se parece realmente com um milagre para mim. Mal posso acreditar que é a mesma pessoa de um mês atrás.
Resolvemos não contar a Victor sobre termos a encontrado. Não sei... tive receio de que ela talvez, quem sabe, não sobrevivesse e não quis que ele a visse na situação em que eu a conheci.
– Onde elas estão? - sai de meus devaneios com Shawn adentrando a cozinha.
– Eu as deixei lá encima. - sorri sem mostrar os dentes.
– Acho que a gente venceu. - se aproximou lentamente de mim.
– Vencemos?
– Mas é claro que sim. - deitei em seu peito. – Encontramos nossa menina, superamos nosso maior desafio, tivemos quatro lindas crianças... Fala sério, eu poderia parar por aqui mas, convenhamos, você conseguiu se casar comigo e foi exatamente aí que você conseguiu a sua vitória. - bati em seu ombro olhando para cima em busca de seus olhos.
– Isso foi muito convencido da sua parte. ‐ revirei os olhos e ele riu de leve.
– Acredite, o maior sortudo em toda essa história sou eu. - olhando no fundo dos meus olhos ele sorriu acariciando minha bochecha. – Eu consegui você.
Meu coração pulsou como se eu fosse a adolescente apaixonada de anos atrás. Aquela que sonhava em viver um romance colegial perfeito onde a gente passava pelos corredores e todos os outros alunos sabiam nossos nomes e inventavam um só que nos resumia como se fossemos uma única pessoa.
Bem, de fato, eu vivi um romance colegial... mas nem um pouco como o projetado. As pessoas não ligavam muito para o fato de nós dois sermos um casal e se importavam muito mais em correr atrás de seus próprios objetivos. Evoluídos? Talvez. Confesso que fiquei levemente frustrada por não ter recebido a atenção que eu queria mas, hoje, sei que foi melhor assim. Não suportaria ter vivido em um higth school musical.
– Ei, só faltam vocês dois. - Karen apareceu na porta da cozinha. – Até mesmo Karla já esta na mesa, se apressem. - piscou para nós antes de sair e eu ri como nos velhos tempos, quando ainda éramos apenas namorados.
– Acho que temos que ir. - fiz um pequeno bico com os lábios, enlaçando meus braços em seu pescoço.
– Tudo bem, mas só depois disso... - atacou minha boca como se realmente ainda tivéssemos dezessete anos. Um daqueles beijos cheios de amor, paixão, cumplicidade e urgência. Fazia um bom tempo que eu não me sentia assim com um simples beijo antes do almoço.
Ao longe pude ouvir um coro quase perfeito me chamando "mamãe". Golpe baixo usá-los para isso.
– É melhor irmos. - mordi o lábio e ele sispirou.
– É. - sussurrou. – Vamos.
A área de churrasco estava da forma como eu gosto: cheia de gente. Papai e meu sogro, provavelmente, brigaram pela churrasqueira e meu pai ganhou, não por ser o melhor, mas porque Many sempre está mais interessado em ficar com as crianças.
Dessa vez quem fez o arroz foi Karen e mamãe não deixou faltar sua maravilhosa salada de abacaxi.
– Um brinde. - Sofia ergueu a taça e Aaliyah logo a acompanhou. – Ao fim de tudo e ao recomeço de novo. - rimos da sua redundância e brindamos.
– Obrigada. - Karla se aproximou de mim na borda da piscina.
– Acho que eu quem tenho que te agradecer. - ela negou com a cabeça torcendo a boca.
– É sério, Karla. - enfatizou o nome em um tom zombeteiro. – Por sua causa eu me mantive viva dentro daquele lugar. - a olhei confusa. – Eu não sabia que uma poderia, de fato, amar um filho até encontrar com Sara e aquele diário. - seus olhos brilhavam enquanto ela falava. – É estranho, - disse olhando atrás de mim, onde as crianças estavam. – mas hoje, eu entendo cada palavra que ela lia.
Karla saiu antes que eu pudesse dizer uma palavra se quer.
Vi, ao longe, Shawn correr atrás de Sara que corria atrás de Samuel. Oli brincando na terra com Trevor e Victor e, para variar, Christofer estava atrelado à minha mãe na cozinha.
Minha história clichê teve uma baita reviravolta, uma daquelas que transforma qualquer filme feliz em um drama digno de Oscar mas, no final, como em um conto de fadas, uma fada madrinha me ensinou como o amor ainda é poderoso e eu, simplesmente, amo amar.
Fim.
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Apenas mais uma história clichê sobre o que é amar...
FanfictionMemórias de uma história que tinha tudo para dar certo...