XIII

15 5 8
                                    

  Jay não precisou de muito tempo para chegar em Maeve, deslizar e cair de joelhos ao seu lado, arregalando os olhos para onde um braço estava momentos antes.
  Não pela falta do braço que estava em pedacos a alguns metros, também não era por que o braço estava numa confusão de carne, ossos e sangue e nem que ao invés de gritar com dor, Maeve estava xingando profundamente com todos os palavrões que fariam qualquer leite azedar e apodrecer em questões de segundos. Não, Jay não estava em choque por causa disso, na verdade era pelo contrário disso.
   Maeve estava sim sem o braço, que realmente estava a alguns metros de distância, e Maeve também estava xingando com bastante afinco e raiva enquanto se sentava e analisava o resto do braço, mas o que deixou Jay em choque foi a falta de sangue, de ossos e carne e a presença de ferro, fios e óleo escuro e grudento que escorria pelo pedaço de braço simbiotico que havia sobrado no corpo de Maeve.

—Você é uma Cyborg! –Exclama o homem arregalando mais ainda os olhos.

—Sou, sou, grande coisa, agora me ajuda aqui! Esse desgraçado, vai se ver comigo no inferno! Esse braço foi o que mais durou! – Grunhe esticando o braço inteiro para o homem, que ainda confuso, segura sua mão, pronto para puxa-la para cima.

Maeve bufa ainda no chão, revirando os olhos, mas fica séria ao olhar para trás de Jay, ela age rapidamente. Segura a mão do homem firmimente e o puxa com força, fazendo o homem cair no chão junto dela pelo resultado de sua força, enrola suas pernas em sua cintura e faz ambos rolarem. A nave passa atirando rapidamente, os lasers atingindo o local onde ambos estavam momentos antes, ela avança por um momento antes de dar a meia volta, voltando a mirar em ambos.

—Filho da... – Maeve é interrompida quando a nave explode, sendo atinginda por outra que aparece atrás dela. A nave era preta, tamanho médio e ostentava dois brasões, um em cada asa, outras do mesmo modelo aparecem atrás, eles começam a fazer a derrubada das tropas inimigas rapidamente, soldados no chão gritam aliviados.

—Ótimo! – Cantarola a mulher, levantando de cima de um atordoado Jay e batendo em sua roupa com a mão para tirar um pouco da poeira de seu uniforme — Esse filho da mãe chega depois que eu perco o braço, maravilhoso! – Revira novamente os olhos, sarcasmo em cada palavra dita. Jay se levanta, massageando o ombro que machucou na queda.
  A mesma nave que havia derrubado a inimiga desce, pousando perto do casal, a porta lateral abre e de la sai um homem. Jovem, cabeça raspada, pele clara, mas cheia de tatuagens coloridas, um dos olhos num branco opaco, o outro, num castanho esverdeado, usava uma farda completamente preta, mas que compunha ambos os brasões expostos nas naves no peito, sorri sarcasticamente ao pular da nave, quatro soldados aparecendo em suas costas, armas em mãos e fardamento completo, tendo o capacete protegendo suas cabeças, se separam e seguem em formação, prontos para proteger o homem, outras naves pousam, seus soldados pulando e atirando nos inimigos.

—General! – Exclama o careca, se abaixando rapidamente e pescando o resto do braço destruído de Maeve no chão, o levanta e o mexe de um lado para o outro, dando um aceno com o braço simbiotico. —Vai uma mãozinha aí? – Ri com a carranca de Maeve e lança o objeto para trás andando tranquilamente até a mulher e ignorando com maestria o confronto que acontecia ao redor deles. Jay não precisa de muito para identificar o homem andando em sua direção, na direção de Maeve.

— Se atrasou, olho de peixe morto! – Resmunga a mulher quando o grupo se junta a eles.

—Ah, mil perdões, é que eu parei para fazer uma boquinha, estava morrendo de fome, sabe? – Ri ladino cruzando os braços, Maeve faria o mesmo se tivesse ambos os braços para isso,  então ela apenas se contenta em apoiar a mão na cintura e levantar o cotoco do seu braço restante, o apontando na direção do homem.

—Sabe o que é isso, Foster?! –Rosna balançando o monte de fios, ferro e engrenagens.

—O resto do seu braço biônico, presumo. –Responde mordendo os lábios, visivelmente tentando se segurar para não rir.

ʀᴇsɪsᴛᴇɴᴄɪᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora