SENHORA DEXTER

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Ansiosa, eu fui a viagem toda roendo as unhas. Não sei nem mais o que é ter o coração batendo regular. Estou nervosa, suando frio. Já o Sr. Anton dirige a sua bonita caminhonete muito concentrado. Ele também está quieto, pensativo. Até que se vira para mim e pega os meus olhos assustados nele. Eu engulo em seco pelo seu olhar de mau.

— Está proibida de contar a qualquer um que te comprei dos seus pais. Entendeu, Kiara? Isso é apenas entre nós dois.

Eu assinto com a cabeça. E sem dizer mais nada ele entra numa fachada de fazenda luxuosa, com dois vigias na porteira e segui numa estrada de pedras cercadas por árvores lindas. Acho que já estamos em sua propriedade.

Vinte minutos depois, ao parar na frente de uma mansão gigantesca, bem pintada e cheia de detalhes granfinos, eu engulo em seco e arregalo os olhos, sem crer no que estou vendo.

— É-é a sua casa? Eu... eu nunca vi nada tão lindo — sussurro deslumbrada, com a mão no vidro do carro.

— Sim... — Ele tira o cinto, abre a porta e sai da caminhonete para vim me ajudar a descer.

Eu desço bamba das pernas, sem conseguir parar os meus olhos que olham para tudo o que está ao seu alcance.

— Vem, acho que você não tomou o café.

— Eu tomei...

— Mas quero que tome de novo! — sua voz sai rígida.

E eu não tenho coragem de contrariá-lo. Apenas o assisto pegar a minha bolsa pequena e me chamar para segui-lo. Eu o acompanho nos degraus da entrada, sentindo que vou tropeçar por não controlar onde olho.

Mas... céus!

Dentro da casa é tudo mais lindo, incrível e mais chique do que por fora.

Estou num castelo, num conto de fadas. Os sofás são brancos, tem quadros, cortinas, vasos, estantes e uma escada de princesa. Não sei para onde reparo. Não sei nem como estou conseguindo manter o queixo na boca.

— Bom dia, Sr. Dexter — uma senhora de cabelos amarrados num coque bem penteado aparece na sala de teto enorme.

Ela é elegante, veste uma blusa florida e uma saia preta até os joelhos.

— Bom dia, Felícia. A mesa do café já está pronta?

— Sim, Sr. Dexter.

A senhora olha curiosa para mim. Envergonhada, abraço os meus braços, desviando para o chão de madeira polida.

— Essa é Kiara — Sr. Dexter me apresenta a ela. E sem deixar que a mesma diga algo, ele continua. — Por favor, Felícia, a partir de hoje quero que você cuide da minha esposa. Tome — ele a estende a mala.

— E-esposa? — Ela coloca a mão no peito e arregala suas pálpebras. — O senhor se casou? C-como assim? Desculpa, eu... meu Deus, o senhor saiu e voltou casado?

— Não exatamente, mais tarde eu te explico no escritório. No momento cuide da nossa Sra. Dexter. A ajude com o que precisar.

— Sra. Dexter? — Felícia parece tonta e perdida em sua fala e pensamentos. — É-é claro, patrão. — Ela então vem devagar pegar a minha bolsa, sem parar de me olhar. Está abismada, chocada. — Por favor, Sra. Dexter, me acompanhe ao seu... — ela olha para o Sr. Anton.

— Ao meu quarto, Felícia. E peça para alguma empregada levá-la o café da manhã.

— Sim, patrão.

Antes de eu ir com a Felícia, Sr. Dexter segurou a minha mão, me fazendo fitá-lo surpreendida. Ele dá um beijo nos nós dos meus dedos. E eu perco as forças, fico trêmula, sem ar.

— Vou estar com você daqui a pouco, prometo — sussurra.

Assinto nervosa.

Ele me larga.

Eu recupero os movimentos das pernas e vou rápida com a senhora Felícia, subir os bonitos degraus da escada ornamentada.

É tudo muito lindo, chique e luxuoso. Nunca vi essas coisas de perto. Minha vontade é de tocar e olhar bem de pertinho.

— Você está bem? — Ela pergunta no enorme espaço que liga quatro corredores.

Eu ruboresço pelo seu olhar de indagação.

— Sim... só estou sem palavras para essa casa.

— É linda, né?

— Muito.

Ela me faz ir ao seu lado até o último corredor. E então, quando abre a porta eu perco o queixo, por pouco não babando

— Bem-vinda a sua suíte, Sra. Dexter.

Eu ando em tropeços para o interior. Não tenho palavras para descrever tanta coisa linda de gente rica.

— Você só tem isso de roupa? — Assim que entramos, ela perguntou após colocar a minha malinha sobre um estofado cumprido, que fica nos pés da gigantesca cama de forros cinzas e travesseiros pretos. Também há almofadas cinzas.

— Sim... são as minhas melhores roupas.

— Melhores? Você não tem outra mala? É só isso que é teu? — Suas perguntas saíram assombradas. — Desculpe-me a pergunta, você veio de onde?

— E-eu sou a filha de Padilho Lemos. A gente é vizinho de terra do Sr. Dexter.

— Deus... estou ainda sem entender. Tem quantos ano, Kiara? Desculpa, se assim posso chamá-la.

— Que isso, pode me chamar de Kia. Todos me chamam assim.

— Está bem, Kia. Você tem quantos anos, minha querida?

— Fiz 17 há um mês.

De repente Felícia dá um passo para trás e caí de bunda na cama.

— Dezessete? Você disse dezessete anos? — Ela me encara apavorada. — O que o Sr. Dexter está pensando? Seu rostinho é de adolescente, uma menina!

Eu fico vermelha.

— Está tudo bem, a gente se casou.

— Não está tudo bem. Realmente não está. — Felícia se levanta com a mão na testa. — Sr. Dexter namorou com você antes de te pedir em casamento?

— Sinto muito, não posso te falar nada sobre isso.

Ela respira fundo e apreensiva vem até mim.

— Tem certeza desse casamentos?

— Sim, assinamos agora pouco o papel, diante do juiz. Sou Sra...

— Sra. Dexter — ela completa triste. — Eu sei. Só não sei se você sabe onde se meteu, minha querida. Mas vou deixar que fique à vontade no seu quarto e do seu... isso é estranho... marido... — ela fala com o cenho franzido. — De um dia para outro o Sr. Dexter casado e com uma adol... Bom — ela balança a cabeça. — Já volto com o seu café. Pedirei para uma das empregadas te trazerem. Com licença.

Assim que a Felícia fecha a porta eu sorrio sozinha, correndo para explorar o quarto e os outros cômodos enormes do interior.

Eu estou num conto de fadas... não posso acreditar...


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COMPRADA SEM AMOR • COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora