SOCIEDADE CRUEL

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Em duas semanas eu aprendi tudo sobre etiqueta. E já iniciei ansiosamente as minhas aulas de como andar de saltos. Mesmo caindo eu tive muitos progressos. Estou orgulhosa de mim.

Devido a conclusão dessas aulas de etiqueta, no sábado o Sr. Dexter me levou para almoçar num restaurante muito chique. E acho que eu me sai muito bem. Fiz tudo certinho, conforme a minha professora ensinou.

No decorrer de mais semanas eu melhoro na postura, no andar e aprendo regras de como uma mulher chique deve se comportar. Sr. Anton ficou mais satisfeito pelas minhas excelentes melhoras. Por isso, hoje ele disse que me levaria num evento para acompanhá-lo e para me apresentar como a sua esposa para a sociedade.

No carro, até chegarmos no local eu não tirava os olhos encantados da vista dos prédios, das casas e dos comércios. É algo que eu nunca vi em toda a minha vida. Ao chegarmos no evento, eu tremi as pernas na porta, apavorada com tantas pessoas diferentes, música, fotógrafos e coisas elegantes. É como se eu estivesse num outro mundo.

— Vem, Kiara.

Sr. Dexter quase me arrasta pelo corredor de piso de vidro, cercado de belas mesas douradas e com gente bonita. Eles nos olham como se fossemos uns bichos diferentes, nunca vistos na terra. Minhas bochechas coram, sinto que vou tropeçar nos meus pequenos saltos.

— Por que estão nos olhando? — Pergunto, abraçada com força no braço esquerdo dele, só querendo me esconder, fazer com que não me olhem.

— Eu já lhe disse sobre o meu sobrenome.

— N-não lembro, o que tem o seu sobrenome?

— Tem grande fama e poder no estado. Devido ao meu pai que enriqueceu Montes do Sol. Por causa dele aqui virou uma cidade turística.

Então estão olhando para ele?

A gente para numa mesa com um casal e três mulheres. E engulo em seco, olhando para baixo.

— Sr. Dexter! Que honra, que honra! — Um homem se ergue e vem até ele, cumprimentá-lo animado. — Não posso acreditar que veio na premiação de cafés. Por isso tantos burburinhos lá atrás, entre os convidados.

Sr. Dexter apenas assentiu, apertando a mão dele.

— Não teria o porquê de eu não vir, João.

— É claro, o senhor está sempre comparecendo as principais premiações de agropecuária, pecuária e agricultura do estado. Mesmo assim, como vice-prefeito e padrinho do evento, digo ser uma honra. Por favor, junte-se a nós. Não posso deixar que os deputados o roubem da minha companhia.

As mulheres da mesa olham para mim dos pés à cabeça, enquanto o Sr. Dexter afasta a cadeira para me ajudar. E é diferente de como elas olham para ele. Os sorrisos que dão.

— Essa daqui é Tereza, a minha esposa. E essas, Rebeca e Marcia são as minhas filhas...

O homem que disse ser vice-prefeito, começa a apresentar as mulheres a nossa volta. Só que eu não sou apresentada e nem recebo nenhuma atenção especial. Fico sozinha, sem ninguém para falar comigo. Fico assim até o final do evento, ou até uma mulher morena, de olhos claros e de corpo bonito me dá um "olá", após se sentar à mesa que me encontro solitária.

— Olá...

— É a acompanhante do Sr. Dexter?

Eu aceno em sim com a cabeça, envergonhada pela beleza dela. Seu vestido é muito escandaloso.

— Ele é o meu marido.

— Marido? — Ela arregala os olhos.

— Sim.

— Uau, então é verdade o que os jornais e revistas de fofocas adam publicando. Na próxima segunda com certeza os boatos se confirmam.

— Como é o seu nome? Eu sou Marina.

Lembro-me de que o Sr. Dexter me proibiu de dizer. E amedrontada, eu nego com a cabeça.

— Sinto muito...

— Tudo bem — ela sorri, como que se forçando seus lábios. — Imagino que o Sr. Dexter tenha vergonha de revelar o seu nome.

— V-vergonha?

Eu aperto a minha bolsa.

— Sim. Você é bem feinha para um homem tão... — ela suspira. — Nossa, tão quente e perfeito como ele. Tenho ótimas lembranças da semana passada.

— Eu não sou feinha, eu estou bonita esta noite. E não entendo. Vocês são amigos?

A moça ri, negando com a cabeça.

— Não, mas não seria uma má ideia eu ser amiga do todo poderoso Sr. Dexter. Daria um ótimo colinho para os seus desabafos à noite. Pena eu ter que ficar só no sonho. E faça algo nesse cabelo minha querida, alise essa arapuca de cachos — ela se levanta com o seu vestido apertado e muito escandaloso nos seios. — E economize no blush também, está parecendo uma palhacinha. Até mais.

Ela vira as costas, deixando-me com os olhos ardendo.

Eu toco no meu cabelo, no meu rosto e ouço risos de mais mulheres na segunda mesa a minha lateral. Então vejo a moça que acabou de sair daqui, entre elas, me olhando e cochichando.

 Então vejo a moça que acabou de sair daqui, entre elas, me olhando e cochichando

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COMPRADA SEM AMOR • COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora