"Não importa a dor que você tenha no coração, siga acreditando e seu desejo se tornará realidade."
Ao parar na fala do livro "Cinderela", eu suspiro, querendo acreditar que é verdade. Mas já estou cansada de acreditar em fantasias... simplesmente cansada. Anton tem razão, eu devia parar de ler esses contos de fadas. A realidade é outra, ela é mais dura, triste e nada nunca vai se resolver com um "toque de magia".
Eu levanto da cama, escovo os dentes, troco de roupa e desço para tomar o café na segunda sala de chá, sem a companhia dos irmãos do Dexter. Ele, como sempre, saiu cedo, antes da mesa sequer estar pronta. E eu não ligo mais... sei que vai ser sempre assim, ele não se importa, ele não me ama.
Anton diz que gosta de mim, porém, não é amor. Falo de amor com ele, só que é como falar do meu desejo de ter um bebê, ele detesta. Diz que já somos "felizes". Mas como somos felizes? Como, Meus Deus, se ele não quer ter uma família de verdade, amar a sua esposa e ter um filho? Por mais que não toque mais no assunto de eu ter sido comprada, isso não prova que ele está mudando, nem tendo amor. Anton continua me traindo e me machucando.
Estou no limite....
Durante o dia eu não faço nada, a não ser andar pela fazenda, às vezes ajudar a Felícia com as empregadas ou ficar na cozinha, conversando com a nossa querida Maria.
Mas nada muda... é só isso.
Também não sei o que estou sentindo ou o que está acontecendo, por mais que o sol esteja raiando entre as nuvens, hoje o dia está nublado, estranho. Sinto-me triste, com o coração apertado.
Não estou bem...
Ao anoitecer e depois do jantar, eu vou para o quarto ver se o Anton vai sair. E tenho a confirmação. Hoje é sexta-feira, o seu dia sagrado de sair com os irmãos. E o dia em que eu durmo sozinha, em meio ao escuro e a minha imaginação horrível, pensando nele com outras mulheres, sendo tudo o que não é com a sua esposa, que por mais que fosse comprada, ele fez um voto ao assinar os papéis diante do juiz, de cuidar e me respeitar pelo menos. Eu vi nos nossos documentos de casados.
— Onde vai, Anton? — Pergunto com os olhos marejados.
Ele me encara de longe, enquanto arruma o colarinho da sua camisa bonita. Desta vez eu quero enfrenta-lo, falar tudo o que eu estou sentindo. Quero dizer que estou farta.
— Eu vou sair.
— De novo? Eu já estou cansada disso, você não se importa comigo? Você não me ama?
— Ei... eu só vou sair para tomar uma cerveja com os meus irmãos e voltar antes mesmo que você perceba.
Antes mesmo que eu perceba? Eu sempre percebo... eu sempre sofro.
Anton vem até mim e me puxa pelo braço, mas eu o empurro.
— Mas eu percebo, eu sinto a sua falta. Você só quer saber dos seus irmãos. É treino depois da madeireira. É jogos às quintas, é chope no sábado. É o que mais? Chifres na minha cabeça? Eu já estou cansada. Eu vou ficar maluca — eu começo a chorar baixinho. — Eu só queria ser feliz, casar, ter uma família linda, um marido presente, amoroso. Ter o que eu não estou tendo!
— Kia... — Ele volta a me puxar e eu não o afasto, deixo que ele me abrace e acaricie os meus cachos. — Não coloque coisas na cabeça. Somos felizes.
De novo isso de felizes... nunca fomos ou somos.
— Como somos felizes? Como se não deseja nem ter um bebê? Nem sequer passar períodos livres comigo, a sua mulher? — sussurro decepcionada no seu peito.
A sua mulher comprada...
— Eu prometo mudar por você. Só não me cobre filhos outra vez, estamos bem assim.
Não, é a segunda vez que ele promete isso e nunca muda. Já estamos há três anos casados, e só nesses últimos meses que ele começou a ser ao mínimo mais calmo e compreensível comigo.
— Você sabe que não estamos bem. Daqui três semanas comemoramos a terceira renovação dos nossos votos e aquelas mulheres, esposas dos políticos virão e perguntarão as mesmas coisas; não pensam em crianças? Em filhos lindos, correndo pela casa?
Ele me solta, nervoso, passando as mãos pelo rosto.
— CHEGA, KIARA! CHEGA DESSA MERDA DE NOVO! EU NÃO VOU TE DAR FILHOS!!! EU NÃO QUERO!!!
— QUER SABER, EU ESTOU CANSADA DE FICAR SOZINHA, DE SER TRAÍDA POR VOCÊ! DE NÃO TER AMOR E AFAGO! E SE EU NÃO POSSO SER AMADA, TER MEU MARIDO COMPLETAMENTE AO MEU LADO, EU QUERO UM FILHO! ME DEIXE SER MÃE?! ME DEIXE AMAR ALGO NOSSO?!
Ele chuta a escrivaninha e avança sobre mim, pegando-me com força pelos braços e me sacudindo
— VOCÊ QUER A PORRA DESSE FILHO? VOCÊ QUER UM FILHO PARA ME DEIXAR EM PAZ? — Ele me joga bruto sobre a cama, subindo em cima do meu corpo. Eu tento me debater em meio às lágrimas e aos gritos, pedindo que me largue, que não me toque, mas ele não faz isso. — ENTÃO EU VOU TE DAR ESSA MERDA DE UMA VEZ!
Ele não faz isso, meu Deus.
Eu choro, eu me esguelho em dor, chorando para que ele pare, que não me machuque.
Isso não é amor... por favor, isso não é amor...
Ai, meu coração. Sim, esse é o prologo de Homem de Verdade, amanhã eu posto o último capítulo.Beijão da Rafa. 🖤
VOCÊ ESTÁ LENDO
COMPRADA SEM AMOR • COMPLETO
Romansa+18 | Após um mês completado os seus dezessete anos, Kiara Lemos foi vendida pelo próprio pai para um fazendeiro milionário do estado, o recém herdeiro Anton Dexter. E em meio a sua inocência ela acredita que o homem que a comprou como esposa é um p...