Eleitos pela Morte: O Instituto
Capítulo 11
Beth acordou desesperada, suspirando, chorando. Mais uma vez o mesmo pesadelo de sempre a atormentava. Ela tinha ido se deitar mais cedo pelo cansaço da procura de Luis. Depois de mais alguns minutos rolando na cama sem conseguir pegar no sono, decidiu dar uma volta. Ela olhou no relógio na cabeceira ao lado de sua cama que marcava 07:56 pm. Não teria problemas se alguém a encontrasse andando pelo Instituto àquela hora. Se levantou, vestiu um roupão e saiu silenciosamente para não chamar a atenção de Duda do outro lado do quarto, que estava escutando música e fazendo as unhas.
Beth caminhava pelos corredores meio desnorteada, sem saber ao certo aonde estava indo. Seguia para onde sua consciência mandava, até parar em uma porta um tanto familiar afastada de todos os outros locais. "Ah sala do Arcanjo" ela pensara. Numa questão de segundos, a porta de repente clareou, com uma luz saindo pelas laterais. Ela a empurrou lentamente, tomando cuidado para não fazer barulho.
Ao entrar, ela avistou a imagem gloriosa de Miguel.
- Olá Elizabeth. - disse o Arcanjo.
- O... lá. - ela disse encantada.
- Como tem passado?
- Bem, eu acho.
- Se aproxime, querida. Não tenho medo. - o Arcanjo fez um sinal para ela, erguendo sua mão a convidando.
Ela seguiu na direção dele e segurou sua mão, ainda mais impressionada pela leveza de seu toque.
- Soube que uma lembrança terrível tem assombrado seus sonhos, não é? - ele disse.
- Isso mesmo. - ela disse com um olhar triste, segurando as lágrimas.
- Você sabe porque sua mãe se foi daquela maneira?
- Ela estava muito doente. - Beth disse, agora não conseguindo mais segurar e deixando que as lágrimas escorressem por seu rosto.
- Tudo bem, pequena. - ele disse, pegando uma parte de seu manto e levando aos olhos dela, enxugando suas lágrimas. - Sei que é difícil, mas o que eu quis dizer é que você precisa entender o que houve de verdade.
- Como assim?
- Lembra das aulas que teve nos últimos meses, não é?
- Sim, eu me lembro.
- E sabe qual a única forma de um eleito sentir a dor no peito?
- Quando tem um corpo escondido por perto e nós temos que encontra-lo... - ela parou e refletiu um pouco. - Espera, mas então como eu senti a dor se minha mãe estava na cama?
O Arcanjo sorriu para ela, um sorriso não de alegria, mas de compaixão. - Minha querida, está esquecendo de um detalhe.
Ela pensou mais um pouco e então se lembrou, sentindo o peso cair sobre seus ombros. - Ela... Foi assassinada?
- Exatamente.
- Mas... Como? Não tinha sangue, feridas, e ela estava doente, não faz sentido...
- Elizabeth, eu sei que está confusa. - ele disse, a acalmando. - Querida, o motivo por este sonho te atormentar por tantos anos é que esta é uma parte da sua história que ainda não foi resolvida. De alguma maneira, você sempre soube que tinha algo incompleto neste fato. O problema, é que você não tinha o conhecimento necessário para descobrir isso por si mesma.
- Mas o que houve então? - ela perguntou desesperada por respostas.
- Filha, eu sinto muito, mas é sua história, isso é uma coisa que você tem que descobrir sozinha. O único conselho que posso te dar é que não deve olhar apenas o momento final, e sim a questão como um todo. - Miguel disse, e então soltou a mão dela, dando leves passos para trás.