Eleitos pela morte: o Instituto
Duda andava na frente de todos, se virando de vez em quando e lembrando-lhes para fazerem silêncio.
- Aquela esquentadinha vai ver só - dizia Deniel em sussurro seguido de baixas risadinhas.
- Espero só que ela não decida se vingar descontando mais matéria inútil na gente depois - Vivi dizia logo atrás de Duda escutando os comentários vindos de trás dela.
- Espero que ela nem tenha coragem pra ir pra aula depois disso - disse Beth também sussurando, e mais risadinhas abafadas.
Todos no Instituto dormiam pelas três horas que ainda tinham antes de Wendy tocar o sino escandaloso e acordar a todos pra que se preparassem para a aula que começaria às oito, uma hora depois do sino. Apenas os cinco travessos ainda se aventuravam pelos corredores do lugar, indo em direção ao quarto da bibliotecária que assumira o posto de professora.
- Vamos logo, não podemos enrolar mais. Mas não fiquem em silêncio, lembrem-se. Não estou afim de passar uma semana de castigo. - dizia Duda.
- Ah, é claro mamãe. - disse Joice se aproximando de Duda e coçando a cabeça dela, o que provocou mais risadinhas.
- Mas Duda, você não nos explicou ainda o que planejou fazer. - disse Deniel.
- Na verdade é porque só estava combinado entre as meninas, mas alguém decidiu chamar o resto da tropa. - disse Duda lançando um olhar debochado para Beth, que retribuiu com uma piscada e um sorriso irônico.
- Mas então por que não chamou o Matheus e Luis? - perguntou Deniel.
- Eu fui no quarto deles, mas não estavam lá. Achei estranho o fato de deixarem a porta escancarada. Mas só devem estar aprontando alguma coisa também. - Beth disse. - E onde está o Gabriel?
- Ele disse que ia ajudar Henrique e Matheus em alguma coisa. - ele respondeu.
- Explicado por que também não achei o Henrique. - Beth disse.
- Espero que não tenho pensado o mesmo que nós, se não, é capaz de nos encontrarmos e ferrar tudo. - disse Joice.
- Pois é - disse Duda.
Eles seguiram em frente e pararam ao chegar no quarto de Wendy. Duda empurrou a porta de leve, esperando que estivesse aberta. Droga, ela pensou ao ver que a porta não se mexeu. Ela pegou um clips de cabelo e começou a virar na fechadura.
- Onde aprendeu isso? - Beth perguntou.
- Depois de passar minha infância inteira aqui, tive que me virar de algum jeito. - ela explicou.
A fechadura cedeu e Duda empurrou a porta com cuidado para não fazer barulho. Todos entraram após o sinal dela de área limpa e seguiram até a cama, onde Wendy parecia estar no décimo nono sono, pela intensidade de seu ronco.
Duda tirou algumas embalagens de tinta para cabelo e foi repassando para o pessoal. Ela fez sinal para que Joice ficasse de olho na porta. Os outros se colocaram ao redor da cama com frascos de tinta com cores diferentes nas mãos.
Duda levantou o dedo indicador, iniciando a contagem silenciosa, e ergueu depois os outros dois dedos. Um, dois, três... Ela levou seu frasco até a altura das pontas do cabelo de Wendy, e começou a obra. Todos fizeram o mesmo, cada um com uma mecha. Duda fez sinal para Beth que estava a sua frente do outro lado da cama, e cada uma passou um pouco da tinta em uma das sombrancelhas de Wendy. Viviane teve a ideia de passar um pouco de tinta também nos braços dela, que tinham vários pelinhos finos. Deniel imitou o gesto dele e fez o mesmo do outro lado.