1. Meu Irmão Gêmeo do Mal

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14 ANOS ANTES ...

STILES

A formiga anda pelo gramado, inocente, seguindo o propósito de sua vida de forma pacífica.

Ela se encarrega de mastigar um micro pedaço de uma folha, completamente alheia ao que estava acontecendo à sua volta.

A formiga levanta o rosto, notando a presença do imenso dinossauro de plástico, pela primeira vez.

- GRAAAAAR !!! - Grito, aproximando a boca do feroz dinossauro do inseto.

A formiga mal se mexe.
Cerro os olhos, confuso.

- GRAAAAAR !!! - Grito mais alto, usando o dinossauro para apavorar a formiga. - Trema diante de mim, forma de vida miserável !

- Uau. - Elizabeth fala. - Você é tão maduro.

- Isso mesmo ! - Continuo, fazendo a formiga fugir. - Corre pro seu formigueiro !

- Ai, para ! - Elizabeth segura o meu dinossauro, me impedindo. - Deixa ela, Miec.

Olho para Elizabeth, surpreso com o jeito que ela me chamou.

- Miec ? - Falo, com um sorriso sarcástico. - Esse foi o melhor apelido que você pensou pra mim ?

- É ... eu não sei falar o seu nome. - Elizabeth toma o dinossauro da minha mão, brincando com ele na minha frente. - Você disse que queria um apelido, porque nem você sabe falar.

- É. Mas eu queria algo melhor do que “Miec”. - Falo. - Se você me chamar assim, eu vou ter que te chamar de Liz.

- Não. - Ela responde. - Não me chama assim.

- OK, Liz. - Sorrio.

Elizabeth dá a sua clássica revirada de olhos e continua brincando com o meu dinossauro.

Minha capacidade de provocá-la é infinita e eu adoro isso.

Olho em volta, vendo o gato de rua que ronda pela minha casa novamente. Ele acaba encontrando a pequena bandeja de leite que eu deixei perto da árvore. Sorrio, quando ele começa a beber.

Continuo admirando o perfeito gramado da minha casa, que ficava perto de uma floresta.

A minha mãe estava na cozinha, preparando o almoço, enquanto o meu pai, o xerife, estava na delegacia, fazendo "xerifices".

Tínhamos nos mudado para cá há pouco tempo e ainda estávamos nos acostumando com essa cidade.

O tio da Elizabeth, Lucca, não é daqui, mas trabalha na cidade. Ele foi a única pessoa que fez amizade com a minha mãe, até agora. Foi basicamente assim que nos conhecemos e nos tornamos amigos.

Apesar disso, Liz ainda me achava um garoto meio estranho, o que não é uma novidade pra mim.

É assim que todos sempre me consideram. Como fora do comum. Algo diferente e complicado demais para entender.

Eu não entendia nem mesmo o meu nome.

Era justamente por isso que eu me identificava tanto com a minha mãe.

Nós dois éramos sempre os forasteiros. Os “estranhos” que não se encaixam em lugar nenhum.

Tanto que a minha mãe se comportava assim o tempo todo. Como se realmente tivesse vindo de outro lugar, que não fosse a Terra.

Eu também me sinto assim.

Como se não fosse e nunca fosse ser realmente aceito pelas pessoas daqui.

Lua de Sangue - 2a. TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora