Pandemônio

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Seja bem-vinda à nossa nação,
Onde Fobos caminha pelas ruas
E a fome nunca é um problema,
Caso você se alimente de verdades nuas e cruas.

Cante o hino.
Grite com orgulho!
Deixe que eles ouçam
O som das moedas caindo,
Este é nosso maior barulho.

Roube, furte, pegue emprestado!
Se houver uma boa intenção,
Não há nada de errado.
Pois quem é imortal morre somente ao final
E, quem nasce como simples humano, morre cedo.

Seja bem-vindo à nossa nação,
Onde a liberdade é sua carcereira
E a sua sentença é estar vivo.
Não crie laços;
Se renda ao deleite;
Não teça fios;
Se renda ao êxtase da lobotomia moral,
Torne-se digno de ser nosso cidadão.

Não erga a cruz.
Não forje um bezerro.
Não peça perdão pelo seu erro,
Nossa jurisdição pode resolver isso!
Basta que você tenha afluência
E uma belíssima falácia como álibi.

Olhe para mim,
Me mostre sua potência!
Veja minhas vestes, meu olhar,
Como jade, eles não param de brilhar.
Como seu maior segredo,
Eles não podem se esconder.
Você não consegue me refutar.

Dance pelo salão,
Seja Salomé domando Antípas!
Faça com que o fôlego de Herodias acabe.
Traga a bandeja com a cabeça do homem
E uma maçã em sua boca,
Como um belo jantar para o Senhor das Moscas.

Seja bem-vinda,
Este é seu novo lar,
Daqui você jamais sairá
E nem irá desejar,
Pois, quando o prazer se torna cotidiano,
Se torna simples e fraca rotina,
O deleite se esvai
E não volta mais.

Seja bem-vindo,
Este é Pandemônio,
E você pode me chamar de imoral,
Rei do império imortal,
O promíscuo primordial.
Sou o homem!
O humano, que para a morte é convencional.
Sou, para o fim de tudo que há de bom, essencial.


A Necrose da EmoçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora