Arlequim

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Agradeço o apreço
E, por isso, rezo e peço
Por puras verdades,
Enquanto me apresso
Pelas ruas de uma pequena cidade.

E corta-me a voz como uma navalha,
Este vento frio como pedra de gelo,
Que perdura e me queima a epiderme
Tão bem quanto a saudade e a vontade de tê-lo.

E, se bem me lembro, de mim, se esqueceu ainda no começo,
E me tornei apenas um dia quebrado de setembro.
E, por mais uma vez vejo se me esqueço
De que tu não é mais pra mim, assim como não sou mais para ti.

Entretanto, amo, ainda assim, ainda partido.
Procuro por dias melhores, por deleite nas vozes,
Tento não me sentir mais ofendido e, se sinto, abro bem os olhos e digo!
Encontrei-me nos meus sonhos, e vivo para alcançá-los.

Teu toque áspero e olhos cerrados
São a faísca que instiga minha crítica,
Como palavras ditas de um cego
Para aqueles que veem demais.

Pretendo cortar como navalha,
Com uma voz áspera,
Lançando minhas dores na mesa
Para que apostem as fichas em mim.

Sou jogo duvidoso, inseguro;
Sou coringa, planejo ser quem quiser;
Sou um antigo valete, de meu Dom me cansei;
Não sou mais subordinado,
Sou Arlequim, sou dama sem rei.

A Necrose da EmoçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora