Jovem Atlas

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Você parece Atlas.
Carregando um fardo
Que é milhões de vezes
Maior que você mesmo.

Tua insegurança é esmagadora,
Talvez tenha o mesmo peso de Urano,
Mas nunca se esqueça de que
Gaia deve estar lá para te apoiar.

Você fez sua escolha,
Preferiu viver debaixo,
Por baixo de tapetes e pés,
E, assim, se tornou capacho.

Não soube se valorizar,
Teve mais respeito por Teseu
Do que por si mesmo,
E ele te largou após matar teu irmão.

Agora, todos os heróis fazem questão
De te encimar, te colocar no altar
E te imortalizar, como se um deles fosse,
Mas tu se sente incapaz.

Você acha que não dá mais,
Que Cronos já desistiu de você
E as moiras estão prestes a parar de tecer,
Acha que sua vida está por um fio.

Você se sente vil,
Se sente sujo e não tenta mais ser viril,
Pois percebeu que isto te tornaria
Apenas mais um deles, sem próprio feitio.

Quando, na realidade
Tu não passa de mais um reles humano,
Artista canalha, que cria apenas tralha,
Desgraça que pensa que deve ser humilhada.

Tu virou Minotauro,
Criatura injustiçada,
Besta sanguinária
Incapaz de ser domada.

Sentiu o ar puro mais uma vez,
Depois de quebrar as paredes
E lançar todos pelos céus,
Quais voaram tão bem quanto Ícaro.

Percebeu, finalmente,
Que você era o brilho
De todo o Jardim das Hespérides.
O amanhecer e o poente da alma.

Percebeu que as marés refletiam
Tudo que você sentia
E que a lua se curvava perante você
E sua falsa magnificência.







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