Dedos finos e frágeis
Se entregam às pinceladas
Fortes e cansadas
De um pincel lustroso.Mãos ágeis e perdidas
Correm pelas suas memórias,
Entre seus sonhos e pavores,
Encontrando a melhor inspiração.Desenhou um banquete qualquer,
Então um lar fúnebre qualquer,
Um rio que entre as montanhas cortava,
E a ida da tão falada alma.Contornou os males do mundo,
Fez deles sua magnum opus.
Construiu um mortuário em poucos dias,
Fez dele sua morada imaginária.Caçou em meio aos pesadelos,
Estruturou o retrato da tragédia,
Era, encarnada, a própria fadiga.
Retratou a família.Se entregou à realidade do dia a dia,
Traçou seus traços em plena agonia.
Então decidiu cortar os laços,
E se esvaiu do retrato.Viu que o único sangue que valia a pena
Era o que fora derramado
Para ter certeza que estava saudável,
Então usou-o como tinta.Replicou as denúncias,
Pintou-as em vermelho,
Fez delas sua vingança,
Seu V de Vontade.Foi taxado de pintor renegado,
Artista do tipo que vive dopado,
Jovem cheio de ideias, deturpado,
Aquele que fora tirado do quadro.
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A Necrose da Emoção
Поэзия[Capa by: @maryymm05] Onde minhas ideias se chocam com minhas emoções. Onde aquilo que eu admiro vem como forma de explicar o que já me abalou. Onde a necrose toma forma, expondo a emoção que antes vivia em meu interior. [...] 🏅Ex-leitor do majest...