Latência

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Sou um diamante lapidado
Feito sob pressão,
Prestes a explodir,
E sei que meus estilhaços vão machucar
Inclusive a mim.

Eu me sinto perdido.
Tateando o próprio limbo
Em busca de tal ideal,
Inalcançável por natureza.

Como se despencasse
Em um infinito abismo,
Mas, então, parasse
E apenas flutuasse.
Sem cair ou subir, apenas latente.

Sou uma rosa de jardim, uma rosa de metal
Cujos espinhos sempre se voltam para si.
Canto o meu choro,
Deixo as lágrimas me enferrujarem,
Na esperança de que, assim, os dias passem.

Sou uma engrenagem perdida,
Solta em meio às demais peças,
Pequena e de aparência insignificante.
Parte de uma máquina
Que talvez não precise de mim.

Faço o que é preciso, o que é pedido.
Alimento os superiores com obediência.
Escuto, atento, e então faço, depois refaço,
Buscando leves momentos de calma.

Se há paz em meio a esta selva
Eu não faço a mínima ideia.
Talvez a paz esteja em mim
E eu apenas não saiba, realmente, como alcançá-la.

No tal abismo, profundo em mim,
Há cavernas de dúvidas e lagos de incerteza.
Há terra gasta do tanto que andei em minha mente,
Mas, com um ar tão puro, o que eu poderia fazer para resistir?

Se há saída, seja ela uma subida ou queda, eu não sei,
Mas seguirei em frente, latente, novamente.
Correndo por campos de memórias,
Buscando inspiração nestas histórias
E vivendo, pois não há muito o que fazer.

A Necrose da EmoçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora