Tolo caçador de pipas

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Sou um tolo que corre atrás de pipas turbinadas
Pelas ruas asfaltadas e pelas calçadas,
Tropeçando em minhas próprias palavras,
Alegre no limbo, vivendo entre as mágoas.

Correndo por bosques, sem destino,
Me entregando à sensibilidade.
Atravessando um véu belo e fino,
Santificado apenas para Hécate.

Odeio a sensação de presença,
E odeio ainda mais quando se torna real.
Como se o reflexo tomasse seu lugar,
Me largando ao léu de meu Ser.

Me sinto o espeto de pau em casa de ferreiro:
Incoerente e simples, sem graça qualquer.
O prato principal, incrível, mas sem tempero.
Deixado de lado, uma estrela a mais na constelação.

A incógnita irresoluta de toda equação,
Procurando sentir qualquer coisa
Apenas para não desejar sumir.
Caçando ações inúteis, para gerar alguma reação.

Temendo o sol e a grama, o futuro e a trama,
Fugindo do roteiro sem realmente fugir.
Controverso, reviravolta indecente, criticando a fama,
Aproveitando do momento para emergir.

Queimando carros e regando plantas.
O belo nacionalista que odeia toda guerra,
A sabotagem no próprio golpe de estado mental,
Conspirando contra sua própria vontade.

Tentando assumir alguma verdade,
Sendo mais imparcial do que quem deveria,
Se tornando admirador da maldade,
Se entregando, na expectativa de que alguém ria.

A realidade vos fará livres,
Basta se entregar à imoralidade
E tomar o que é seu por direito
Como, desde o início, deveria ter sido feito.



A Necrose da EmoçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora