Fundo em meu âmago
Me senti amargo,
Lançando olhares, caçando um culpado
Para crimes em papéis.Na calmaria do macabro
Me senti acolhido, conformado.
Procuro por sentido nós teatros emocionais
E nas longas amarguras de fiéis.Cacei-me o ego em ilusões,
Em possibilidades, em danças,
Em espelhos, em câmeras, em vozes
E em quem nunca fui.Justifiquei meu descontentamento,
Exposto em versos, que, organizados em estrofes,
Foram lançados ao vento.
Quase perdidos, como os mitos em que me inspirei.Rabisquei, então, em busca de significado,
Em busca de um verdadeiro diálogo.
Rabisquei, então, cenas sem coerência,
Em busca de um verdadeiro prefácio.Ao léu, vestida com um véu,
Se posicionava tal alma penada.
Puro sonho meu, filha de desgraças,
Mãe da narrativa de uma história mal contada.Em meus rascunhos se perdeu.
Sem alma; não mais penada.
Perdeu-se, também, a história,
A narrativa não pensada.Em diversos rascunhos me encontrei,
Em outros, me perdi para poder rascunhar.
Dias seguidos, sem descanso, me esgotando.
Pouco a pouco erguendo uma pedra no íngreme, que sempre caía.Os papéis iam ao lixo,
As almas se escondiam,
Os vultos perdiam a forma
E o Arlequim xadrez era esquecido.Em outro momento, me reerguia,
Seguro de que era o momento
E não apenas mais um.
Me reerguia, novamente, e a pedra caía.Erguia-me e a erguia, com a força de meu ego.
Levantava-a à força, me esforçando diariamente,
Mas ela sempre caía.
Caía uma, caía duas, caía centenas de vezes.De sonhos me esqueci,
De como se rascunhava me esqueci,
De como levantava a maldita pedra
Também me esqueci.Estatelado, inerte, sem rumo,
Cacei por um estímulo.
Encontrei-me novamente onde começara:
Erguendo rochas para alcançar o que almejava.Lotei-me de esperanças e, como de costume,
Rascunhava. Rascunhava como nunca.
Como se não houvesse subida ou queda,
Apenas o desfecho que planejava.Rascunho até então, esquivando de quedas.
Buscando, no diário latente, a criatividade
Que me mantém um ser vivente.Rascunho até então, caçando sementes,
Regando futuros e narrando presentes,
Colhendo frutos de meus rascunhos.
Sísifo ou não, a queda não é mais uma opção.
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A Necrose da Emoção
Şiir[Capa by: @maryymm05] Onde minhas ideias se chocam com minhas emoções. Onde aquilo que eu admiro vem como forma de explicar o que já me abalou. Onde a necrose toma forma, expondo a emoção que antes vivia em meu interior. [...] 🏅Ex-leitor do majest...