Arte

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Em meio às tuas lágrimas
Há um brilho só teu,
Que brilha apenas por brilhar,
Que brilha por ser seu.
Teu olhar ameno,
Teu rosto esvaído,
Em meio a tudo que já foi e veio,
A tudo que já foi e é,
A tudo que um dia será
E tudo que não estará mais lá.
Teus cabelos dançam com a brisa,
Deleitosa e suave,
Como a tranquilidade em teus olhos,
Frios e brilhantes,
Mas não salgados,
Não como tuas lágrimas,
Mas tão harmonizantes quanto.

Teu êxtase chegou,
Tudo que você sempre quis:
Sem mais temporais,
Sem mais tempestades,
Sem mais tormentas,
Apenas você
E as entranhas do tudo,
E do nada.
Apenas matéria
E antimatéria,
Apenas o que há
E o que se supõe que há.
Enfim, você sente paz,
Enfim, você descansa,
Enfim, você sonha,
Enfim, você percebe,
Enfim, você se ama,
Enfim, você sente falta,
Enfim, você desencana,
Enfim, você se torna você,
E tudo que já houve
Volta a haver novamente,
E suas lágrimas cessam
Sob o comando de uma nova mente.

E, enfim, acaba.
Enfim, seu êxtase se esvai,
Você toma cor
E a tinta acaba,
E você se vê incapaz
De continuar a pintar.
E, então,
Deixa que o deleite volte.
Em seu próprio tempo,
Mesmo que perpétuo.
Você simplesmente deixa,
E ele volta,
Em meio a delírios,
Devaneios deliciosos!

Um brado de emoções
Ressoa em você,
Em cada veia,
Artéria,
Osso,
Sob e sobre toda epiderme,
Em meio à queratina,
E junto à adrenalina.

Você se torna arte.
Você é arte.
Você faz arte.
Você expressa arte.
E, ao fim,
Tudo que houve, há e haverá,
Não passa de arte.

A Necrose da EmoçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora