23- Você é louca

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Anne
—Santa Bicicletinha, eu esperava grávida, mas presa?! -Diana exclama no velho telefone de discar enquanto vejo que logo logo o meu tempo de ligação vai acabar-

—Culpa do Gilbert como sempre, mas vamos lá, preciso que você arranje alguém pra pagar a nossa fiança. É mil euros para cada, mas se quiser pode pagar só a minha e deixar Blythe preso, faria um grande favor para mim -digo revirando os olhos e lembrando do menino me pedindo incessantes desculpas-

—Péssimo momento para atiçar a minha Shirbert Stan, mas preciso falar: cala a boca que você não demonstra, mas eu conheço muito bem esse seu jeito Anne de ser, e sinceramente, se alguém tocar um berrante você vai ser a primeira a comparecer ao chamado dos gados.

—Olha, eu até te responderia, mas o meu tempo tá acabando e eu só quero que você me tire daqui logo tá bom? -falo vendo a policial do outro lado do vidro que nos separava fazendo gestos com suas mãos para representar que o tempo já havia acabado, fazendo com que eu me despeça da garota e ela me dirija de volta para a cela onde Gilbert batia um papo com os nossos dois outros companheiros, mas para quando me vê voltando-

—Deu tudo certo? -Blythe pergunta com ansiedade nos olhos enquanto eu me sento ao seu lado concordando com a cabeça- Que bom.. Tava colocando o meu francês em prática com esses dois mademoiselle -fala e eu sorrio ao saber que a mulher já adulta de cabelos castanhos ondulados e o seu alto marido de olhos claros são de minha terra natal-

—É sempre um prazer encontrar outros franceses por aí, mesmo nos momentos mais inesperados, se é que me entendem -profiro em francês para eles que sorriem com a sentença, me fazendo perguntar o que pessoas que parecem ser tão boas fazem por aqui- Desculpe, mas por que estão aqui?

Olho para o meu lado e vejo um Gilbert tentando acompanhar a rápida fala deles, coisa que pela sua feição tensa sei que ele não fez com sucesso e traduzo para ele tudo o que o casal, que eu descobri que se chamam Joseph e Alícia, me falou.

—Eles estavam tentando ir para Itália para conseguir uma vida melhor, mas não tinham dinheiro para emitir todos os documentos e foram tentar conseguir falsos que saiam mais barato, porém foram pegos pela má qualidade -explico com uma certa dor no peito por perceber que certas coisas continuam as mesmas no meu reino, enquanto eu estou aqui vivendo a maior irresponsabilidade da minha vida-

—Mas, o rei Matthew é um bom rei não é? -diz meio embolado com a pronunciação, mas os finos rostos que nos encaravam conseguem entender-

—Sim, ele é o rei mais gentil que já tivemos, gentil até demais -Alícia fala mais devagar para Blythe entender, enquanto faz uma alusão ao pulso fraco que o meu tio de fato tem em relação ao conselho-

—Mas, e a princesa Anne? -pergunto curiosa para saber o que as pessoas pensam sobre mim e recebo um olhar de dúvida e um pouco de irritação vindo de Gilbert, coisa que não entendo mas deixo quieto-

—Pretendemos voltar quando a princesa já tiver assumido há algum tempo, porque temos fé que ela vai mudar a nossa França, pelo menos é isso que todos esperam -diz na mesma velocidade mais diminuída de sua mulher, e eu sorrio com a confiança que eles depositam em mim, mesmo que neste exato momento eu me sinta extremamente culpada-

—É, ela vai ser uma rainha incrível -profere debochado e eu o olho procurando respostas para aquela repentina amargura, coisa que eu não acho na cara fechada do garoto-

—Vocês são um belo casal - a moça fala com a sua já habitual doçura enquanto tenta quebrar o clima tenso que se formou ali-

—Ainda estou esperando ela me pedir em namoro -revela voltando muito rapidamente para o seu normal, o que me faz estranhar, mas eu rio tentando deixar para me estressar com Blythe em outra hora-

—Você está esperando que eu te peça em namoro? -pergunto surpresa me virando para o mesmo que concorda rindo envergonhado- Já passamos por belíssimos lugares, mas por que não te pedir em namoro em uma cadeia de estrada? -falo em inglês e ele me olha tentando entender o que eu estou aprontando com os fiapos da minha calça rasgada-

Me ajoelho ali mesmo naquela pequena cela e mostro para o garoto já de pé dois fiapos da minha calça jeans fazendo com que ele ria incrédulo.

—Não tenho muito para te oferecer além desses dois fiapos pretos que já tanto me acompanharam em aventuras que vivi com essa simples calça, mas com todo o meu coração lhe pergunto, você quer fazer dessa imunda, realmente está imunda, inclusive acho que já vi algumas baratas perambulando bem onde estou, mas continuando, você quer fazer dessa imunda cela o lugar onde você aceitou namorar comigo? -proponho e ele ri, mas balança a cabeça em concordância e enquanto eu amarro o fio em seu dedo ele finge ser uma atriz de novela dramática emocionada com o seu belo anel-

—Você é louca Anne -fala baixinho apenas para eu escutar e eu concordo com a cabeça ao mesmo tempo que ele amarra no meu dedo o outro fio-

—Você também é, mas podemos nos juntar para parecermos normais não é?

—Ou dobramos a nossa loucura e mandamos a sociedade se fuder -diz brincalhão com o seu rosto perto do meu e eu sorrio com a forma que ele falou isso, como se tal fosse mais simples do que um mais um, mesmo sabendo que não é-

—É uma boa ideia, mas prefiro que você use o seu cérebro para me beijar, e não para elaborar planos impossíveis -peço e ele maneja a sua cabeça para o lado me olhando de maneira descrente, mas depois leva a sua boca que antes possuía um sorriso zombeteiro até a minha, realizando o que eu havia pedido, mas de fato não matando a minha sede por aqueles lábios esculpidos pelos anjos, para falar a verdade, apenas me fazendo querer mais e mais daquela colisão de mundos que soava mais bonita do que o som dos pássaros cantando em uma manhã de primavera-

Nos separamos e despejo um selinho em sua boca antes de nos virarmos lembrando pelo som das palminhas vindas de Alícia que não estávamos sozinhos, o que me fez sorrir envergonha antes de me sentar novamente no chão ao lado de Blythe que brincava com os meus dedos enquanto eu, que deveria estar pensando em o quão sortuda sou por o ter, só consigo relembrar do deboche que ele empregou para dizer que eu seria um rainha incrível.

Será que ele acha que eu não vou ser uma boa rainha?

Talvez possa ser isso, ele conheceu muito dos meus defeitos nesse meio tempo, e de fato eles não ajudariam a levar a França para frente, mas achei que ele pelo menos concordasse com as minhas opiniões políticas, mas talvez ele não concorde, certo? Não, como posso saber se é certo se estou apenas supondo por causa de uma única frase? Meu Deus, talvez ele realmente esteja certo, além do mais, que rainha tira conclusões apenas por causa de uma única frase?

Questões como essa rodaram a minha cabeça por horas até que um dos milhares contatos de Diana pagou a nossa fiança e finalmente pudermos sair daquela cela, mas mesmo que a imagem da pizza marguerita voltasse a minha mente enquanto dirigíamos até um restaurante de estrada, tudo aquilo ainda ultrapassava a fome.

Gilbert Blythe, o que você fez comigo?


NOTAS FINAIS
Gilbert: To esperando você me pedir em namoro viu?
Anne: Ok, se você não se importar em ser em uma cadeia, eu posso fazer isso agora.

O SURTO FIDISKDKFLDLSLSLSK

safes_hidalgo possui informações privilegiadassimas, então se quiserem a sequestrar... rs te amo amiga 😌

Não esqueçam o voto e voltem logo ok? 🤩🙋‍♀️

Road Trip - Shirbert e Anne with an E Onde histórias criam vida. Descubra agora