36- Amigos

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Narradora
Imperador Royal Gardner

Vocês provavelmente já conheceram aquela pessoa que você na primeira conversa já pensa "onde você estava durante este tempo todo?", porque simplesmente acha surreal a forma como a mesma demonstra a sua paixão pela vida apenas em um único bate papo.

É aquela pessoa que se você ver triste, fica triste junto, pois ela exala tanta empatia que é quase impossível você não se tornar empática por ela também.

E, para piorar a situação, nem analisando minuciosamente todos os trejeitos e posicionamento mais sutis, você consegue achar um defeito além da perfeição.

Esse era Roy Gardner.

Anne jurava pela a sua saúde que tentou odiar ele. Eu posso lhe garantir que ela tentou pelo simples fato de sentir que estava traindo de novo a única pessoa no mundo inteiro que ela gostaria de ver agora, porém, como eu já havia lhe dito caro leitor, o maior defeito que conseguiu encontrar foi a perfeição, e ela havia percebido isso no momento em que o garoto batera na sua porta.

—Imperador -Anne vestia um vestido bege que possuía uma estampa de minúsculas bolinhas brancas que se misturavam com a cor do tule, mas que contrastavam com as pequenas flores que desciam até abaixo de seus joelhos, onde a saia não era muito cheia, mas em compensação, possuía mangas mariposas que se estendiam até metade de seus braços que se moveram quando a reverência fora realizada- 

—Por favor me chame de Roy alteza -o garoto que utilizava roupas muito mais despojadas fala enquanto retribui a reverência com um sorriso amigável no rosto- Ahn.. se preferir podemos conversar em outro lugar além de, bom, o quarto da senhorita.

—Não tem necessidade, fique à vontade -responde neutra para o monarca que tentou não transparecer a leve vergonha que sentiu enquanto era dirigido pela ruiva para uma mesinha redonda de vidro que dava uma visão para os jardins do palácio-

Gardner observava Anne como se tentasse descobrir o que a menina tanto pensava enquanto bebia o seu chá prestando atenção no horizonte iluminado pela Lua, e não fora difícil perceber os belos traços que a quase Rainha possuía. Analisou os seus cabelos e até mesmo as suas sardas, mas nada dessas apaixonantes coisas fizeram ele despertar os sentimentos que a mídia entregava para os cidadãos.

—Já caiu a ficha que vamos nos casar daqui à dois dias? -pergunta com comicidade lançando uma risada nervosa em direção à garota que volta os seus olhos distraídos para ele, o que o faz tentar se recompor e se manter sério- Desculpe-me, não sou bom puxando assunto.

—Quando eu quero eu sou, então acho que pelo menos vamos conseguir equilibrar as coisas neste casamento -fala ao perceber que Roy  estava apenas tentando ser amigo dela e que estava tão nervoso quanto ela que escondia este nervosismo por baixo da casca que criou para se proteger, mas se permitiu soltar um singelo sorriso para o menino que retribuiu-

—Eu não concordo com a sua constituição.

—Então já conseguimos achar algo em comum. Só posso lhe oferecer chá, mas se quiser posso fazer um café para você -oferece e o garoto apenas nega dizendo que não gostava de café, e um chá já era o suficiente-

—Anne, não posso falar que te amo desta forma, e odeio ter que fazer isso, mas eu preciso continuar te prendendo neste casamento até que as coisas se resolvam com a sua prima. -diz com seus olhos pedindo desculpas silenciosamente após beber o seu chá, e a garota apenas sorri sem mostrar os dentes. "Bom, pelo menos acharam um decente"-

—Eu vou ser muito sincera com você Roy. Eu já amei. Eu verdadeiramente já amei, e ainda amo, e com todo o respeito que tenho por você, não posso falar que irei conseguir te amar também. -cada palavra dita saia como um agulhada no coração de Shirley que desde, bom, vocês sabem desde quando, nunca mais havia tocado no assunto a não ser com a sua própria mente acordada no meio da noite-

—Pelo menos você já experimentou se sentir assim, já eu sinto saudades de algo que nunca nem conheci.

—Bom, acho que depois da vergonha de consumar o casamento passar, você vai ter uma amiga ao seu lado pelo menos. -fala olhando para o garoto que ruboriza com a idéia, mas logo ri junto com a ruiva que estava se segurando para não gargalhar da cara dele-

—Olhe só para nós, talvez já sejamos amigos até. -amigos soou bem na cabeça de Anne, que há algum tempo não se divertia igual estava se divertindo com o menino que a fez por alguns minutos esquecer de todo o resto, mas, era quase impossível não se sentir tentada a perguntar indiretamente sobre Gilbert Blythe, e ela aproveitou que o garoto não fazia ideia do que se passou, e perguntou o que tanto queria saber-

—Você tem alguma idéia de como estão as coisas na Alemanha? Se eu não me engano o futuro Rei também irá ser coroado esse ano. Não é algo do tipo?

—Não tenho ouvido muitas coisas sobre o príncipe Gilbert e nem sobre a sua coroação, mas acho que tudo está indo bem por lá. -comentou tentando se lembrar se de fato não sabia de nada sobre o reino vizinho, mas realmente não teve nenhuma notícia relacionada à tal, e Anne sabia que isso não significava coisa boa, tanto que foi perceptível que a sua cabeça viajou para outro lugar, ou melhor, outra pessoa, então Roy achou que já era hora de ir- Bom, agradeço pela conversa, mas vou ir para os meus aposentos, porque foi uma cansativa viagem. Boa noite futura esposa de mentirinha.

Shirley nem se deu o trabalho de responder, e Gardner também não se importou, e mesmo querendo ter se importado com tal falta de educação, Anne também não conseguiu focar a sua cabeça nisso.

Mil e uma possibilidades cercavam a cabeça da garota que começara a andar de um lado para o outro pensando o que será que Gilbert Blythe iria fazer.

"Será que ele sabe? Não, ele não deve ter percebido"  foi o que ela pensou, e deu graças a Deus quando chegou à conclusão de que se ele soubesse, estaria ali ao lado dela, e como ela queria que ele estivesse ali, mas também sabia que não podia pelo bem deles.

Anne se deitou tentando respirar fundo e apenas descansar, mas os seus olhos caíram no girassol morto que estava em sua cômoda e ela se lembrara de como sentia falta daqueles braços a rodeando quando eles dormiam ou se abraçavam.

Mais uma noite de insônia para a lista de Anne Shirley Cuthbert.

NOTAS FINAIS
Vamos lá gente, o Roy ele é um pitchuco, o único problema é que ele não é o Gilbert 🤡

Quem achou que já ia ter menino Gilberto invadindo o casamento neste capítulo leu na base do tombo que eu sei k

Mas logo logo as fanfiqueiras vão se encontrar neste momento histórico e cheio de... votos? rs 🤩

Até logo sobrinhos lindos 🤍

Road Trip - Shirbert e Anne with an E Onde histórias criam vida. Descubra agora