Eu vou com você.

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(...)

Era como se o tempo parasse, ouvir as batidas do coração de Marcela era calmante em tempos de guerra e a respiração leve batendo no topo dos cabelos ondulados lhe causavam um conforto mesmo que estivessem desconfortáveis deitadas no pequeno sofá de couro do escritório.

O sol indicava que havia amanhecido, agora tomado pela luz dourada o local ficava mais claro e seus corpos nus a vista. Se espreguiçou e certificou-se de que era a morena mesmo deitada sobre si. Sorriu.

- Bom dia. - a voz sonolenta e cansada tentava acordar Gizelly. - Acorda! - sorriu e beijou várias vezes o rosto sereno.

- Não quero. - resmungou espreguiçando. - Só mais cinco minutinho Lucas. - levou a mão até os olhos para cobrir do sol.

- O que? - riu negando com a cabeça. - Você só pode estar de brincadeira Gizelly, levanta.

Nesse momento se deu conta de que não era com Lucas que passará a noite e sim com Marcela, provavelmente se ficasse de olho fechado evitaria olhar aqueles olhos castanhos faiscando fogo de raiva. Revirou os olhos sem que ela visse e se sentou.

- Que horas são? - perguntou desviando o furo que acabou de dar.

- São 8h Gizelly. - nem se quer a olhou enquanto procurava sua roupa pelo chão.

- Eu acho melhor você ir mesmo porque daqui a pouco os funcionários estão chegando.

- Meu deus eu te odeio tanto. - os cabelos loiros estavam presos num coque desajeitado com alguns fios no rosto.

- Ok, eu também te odeio as vezes.

- Você vai contar ao Lucas, certo? - encarava a advogada enquanto ambas se trocavam.

- Errado, HELLO. - estralou os dedos. - Já falei que não vou ter nada com você.

- Então você falou de mim e traiu seu namorado. - arqueou a sobrancelha em forma de reprovação.

- Não vem com essa de joguinho pra cima de mim não hein. Você sabe que tem muito mais coisa sobre nós que nos impede.

- Tipo o que?

- Tipo minha mãe, meus amigos Marcela, você sabe que ninguém é de boa com essas coisas.

- Nunca vou entender isso.

- Tá, agora vai embora que você vai ser vista e depois a gente marca alguma coisa. - levantou-se indo até a porta. - Tchau Marcela.

A loira sentiu seu estômago revirar ao ouvir toda aquela conversinha novamente, apesar de dar razão por um lado sabia que o outro era puro medo de falar sobre que a travava de ser feliz. Se contentou com um sorriso simpático no rosto e se despediu selando seus lábios antes de sair da sala.

- Eu vou te ligar.

- Tchau Marcela.

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Tentar resistir a todo esse sentimento era burrice, sabia. Mas não poderia mudar sua vida completamente para viver um amor que agora estava em chamas novamente com o risco de acabar e deixar feridas que jamais se fecharão ao longo da vida. Nunca tinha sido tão complicado assim, não sabia se era pelo fato de querer uma mulher ou essa mulher ser Marcela.

A ligação da loira não veio, a semana passou voando porque parecia que São Paulo tinha um tempo próprio e ainda não estava acostumada com isso, saiu tarde do escritório durante todos esses dias e também não houve nada de muito importante para ser tratado com Lucas. Deveria contar?

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